🕊️ Restauração interior

Da provação à graça: como a fé nos sustenta nas aflições

«Quem não reconhece, entre todos esses seres, que foi a mão de Javé que fez isso? Em sua mão está a vida de todo ser vivo e o sopro de toda carne humana» (Jó 12,9-10 — Bíblia de Jerusalém)

A Bíblia está cheia de histórias que continuam a falar ao nosso coração, mesmo séculos depois de escritas. Entre elas, a vida de Jó se destaca como um farol de esperança para todos os que atravessam momentos de dor e provação.

Obra de Gonzalo Carrasco (1859 – 1936) – PD / Domínio Público.

A vida de Jó: do auge à perda

Tudo estava bem para Jó. Seus negócios prosperavam (Jó 1,3), seus filhos eram saudáveis e espiritualmente atentos (Jó 1,5), e ele era descrito como “um homem íntegro e reto, que temia a Deus e se afastava do mal” (Jó 1,1).

Mas, de repente, tudo mudou. Seus bens foram saqueados (Jó 1,15-17), seus dez filhos morreram (Jó 1,18-19) e seu corpo foi coberto de tumores malignos:

“Javé feriu Jó com uma úlcera maligna desde a planta do pé até o alto da cabeça” (Jó 2,7).

Ele conheceu o isolamento (Jó 2,8), a deterioração física (Jó 7,5), os pesadelos (Jó 7,14), a perda de peso (Jó 16,8), o cheiro repugnante (Jó 19,17) e até ossos ardendo como fogo (Jó 30,30).

Quando a dor bate à nossa porta

Esse drama bíblico ecoa na nossa vida. Quantas vezes também sentimos o chão desaparecer? Eu mesma vivi isso quando meu pai foi diagnosticado com câncer de vesícula e faleceu em apenas um mês. Foi como se o mundo tivesse desabado. E, no meio disso, o silêncio de Deus parecia ainda mais doloroso que a ausência do meu pai.

No entanto, o livro de Jó nos ensina algo precioso: silêncio não significa ausência. Quando finalmente fala, o Senhor responde com perguntas que revelam Sua soberania:

“Onde estavas tu, quando lancei os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens tanta inteligência” (Jó 38,4).

E Jó, diante dessa grandeza, só consegue dizer:

“Sou indigno, que te responderia eu? Ponho a mão sobre a boca” (Jó 40,4).

A confissão que muda tudo

No ápice da dor, Jó faz uma das mais belas declarações de fé das Escrituras: “Eu sei que o meu Redentor está vivo e que, no fim, se levantará sobre a terra. Depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus. Eu o verei, sim, eu mesmo o verei; os meus olhos o verão, e não os de um estranho” (Jó 19,25-27).

Essa esperança também me sustentou diante da morte do meu pai e do impacto do meu diagnóstico de câncer. Assim como Jó, precisei aprender a confiar no Deus que restaura, mesmo quando tudo parece perdido.

A promessa de Deus

São Paulo nos recorda essa mesma certeza no Novo Testamento: “Aquele que não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará também, com ele, todas as coisas?” (Rm 8,32).

Na cruz, temos a prova definitiva do amor de Deus. Mesmo quando nossas orações parecem não ser atendidas, sabemos que nada escapa ao Seu olhar. Por isso o apóstolo nos exorta: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para discernirdes qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).

Essa transformação é obra do Espírito Santo, que nos refaz por dentro, que nos dá nova esperança e nos conduz à vida eterna.

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Da dor à esperança: meu testemunho

Essas experiências — a dor pela morte do meu pai, a travessia pela doença e o consolo da Palavra de Deus — são também partes do testemunho que compartilho no meu livro: O Espírito e a Esposa dizem: Vem! Lançamento em dezembro de 2025.

Esse livro nasceu desse encontro entre sofrimento e graça. É um convite para viver a paciência como virtude transformadora, capaz de nos preparar como Esposa do Cordeiro, fiéis até o fim.

Em dezembro, você poderá mergulhar nessa experiência espiritual através do livro O Espírito e a Esposa dizem: Vem! Que este lançamento seja também um encontro com a graça de Deus, que sustenta, consola e renova.

Grazielle Rossi Lacquaneti
Missionária da Comunidade Canção Nova