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A ternura nasce no coração de quem se sente amado

Prezados casais de namorados, no artigo anterior, abordamos o tema da admiração. Neste artigo, teremos a possibilidade de nos depararmos com uma das maiores virtudes e atitudes humanas: a ternura. Não se trata aqui de a definir, e sim descobrir o que podemos fazer para nos tornarmos pessoas doces, singelas e próximas.

“A ternura nasce no coração de quem se sente amado”, afirma Santa Teresa de Jesus, mística espanhola do século XVI. Um dia, essa mulher apaixonada pela vida deixou-se tocar pela doçura divina e mudou-se por inteira.

Na vida de duas pessoas, que admiradas uma pela outra se sentem chamadas a partilhar momentos, circunstâncias e esperanças, a ternura vem contribuir para deixar de lado qualquer tipo de divisão ou interesse.

A ternura nasce no coração de quem se sente amado

Foto ilustrativa: proud_natalia by Getty Images

Falta constante de ternura

Hoje, ouço muitos casais que, por diversas razões, queixam-se profundamente pela dor que causa um certo ciúme ou desconfiança, um desconforto e até um certo aperto no coração. “Meu namorado, minha namorada não confia em mim.” Expressões como essas vêm de uma atitude agressiva e nada terna. As desconfianças são um sinal visível de quem, não se contentando com não se aproximar, prefere se manter distante. Na vida que levamos, muitas atitudes negativas provêm de imaturidade, mas no relacionamento de pessoas que se amam, provêm de uma falta constante de ternura e bondade.

Exercitar a ternura exige, como primeiro passo, aproximar-se. Temos de sentir o cheiro do outro, temos de nos sensibilizar frente ao rosto dele. Quem não se aproxima nunca terá a oportunidade de praticar a ternura. O colo da mãe é o espaço exclusivo através do qual ela manifesta toda a sua ternura para com seu filho. Não se pode sentir o calor por trás de um vidro ou a milhões de quilômetros de distância. Os namorados serão próximos à medida que se sensibilizam um para com o outro. É belo quando a namorada boa em matemática explica para seu namorado bom em português. Essa complementariedade que nasce da ternura faz com que as relações se tornem cada vez mais sólidas.

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Coragem de perdoar

Perguntas e respostas ríspidas, silêncios vazios ou ações indevidas levam não só à mágoa, como também endurece o coração. Um segundo passo para a vivência da ternura é a consolação. Até é uma obra de misericórdia espiritual. Encontro pessoas que, no lugar de consolar, aumentam e dilatam a ferida, criando situações desproporcionadas. Quem vive a ternura sabe que um erro não pode ser superado com uma ofensa. Quando há um mal entendido, precisamos consolar e não aumentar o tamanho da situação ou da circunstância que causou aquele mal estar. O Papa Francisco pede para que, sempre que acontecer algo errado, tenhamos a coragem de desculpar o outro mesmo que nos não tenhamos tido nenhuma responsabilidade. Isso transforma, supera e suaviza o coração de quem precisa ser acolhido e perdoado com ternura.

Por último, há quem diga que doença não dura mil anos, pois não há corpo que a resista. A ternura vence todos os conflitos interiores. Aprendamos, por exemplo, a nos acusarmos das nossas faltas, fazendo com que a relação de namoro e noivado sejam menos tensa. Não digo justificar como alguns pretendem fazer, mas acusar-se. Aprender a pedir perdão sem dar tanta transcendência, sem tanto conflito. Os namorados e os noivos têm o tempo todo para fazer brincadeiras, para crescer na alegria, no conhecimento reciproco, e a ternura é um instrumento eficaz e valioso que contribui nessa realidade. Evitemos, então, tudo aquilo que possa nos tornar pessoas agressivas e vivamos a ternura de maneira forte e aguerrida. Ser terno não é ser meloso, e sim doce!

Abraço de ternura e amizade.


Padre Rafael Solano

Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.