Coração

Quer viver um grande amor?

Se já não é fácil encontrar uma paixão, como então viver um grande amor?

Quando pensamos em viver um grande amor, muitos de nós imaginamos aquela paixão arrebatadora que vemos nos contos de fadas e nos filmes aos quais assistimos na televisão. No entanto, se analisarmos mais a fundo, quem nunca se decepcionou por causa de uma paixão? Uma hora ou outra, sentiremos que fizemos muito pela pessoa, mas que não fomos devidamente reconhecidos ou recompensados.

Então, concluímos que, ainda que um homem e uma mulher estejam loucamente apaixonados um pelo outro, essa forte emoção, a atração que sentem e mesmo a tentativa de se corresponderem não são suficientes para que vivam um grande amor. Os sentimentos são somente a porta de entrada para que um casal tenha a realização da vivência do amor.

quer-viver-um-grande-amor  foto: Daniel Mafra

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Você pode estar pensando: “Como assim? Já não é fácil encontrar uma paixão, e isso ainda não é o suficiente? Como então viver um grande amor?”

– Aprenda a amar antes de querer ser amado

Uma das faces mais nobres do amor é a doação de si próprio ao amado. É mais importante dar do que receber, nos dirá São Francisco de Assis: “Fazei que eu procure mais amar que ser amado, pois é dando que se recebe” (cf. trecho da Oração de São Francisco de Assis).

Não só no amor romântico, aprenda a doar-se em todos os tipos de relacionamentos. Mas também em sua vocação ao amor esponsal será preciso ter em mente que um grande amor se faz de uma grande doação.

Quando entregamos o que somos e portamos a quem amamos, traduzimos em vivência, em testemunho, em gestos concretos o que de belo temos no profundo da alma pela outra pessoa. E quando falo em “entrega do que somos”, não me refiro a entregar partes de nós, mas trilhar uma caminhada para sermos inteiros para o outro, doando o que é próprio em cada etapa dessa caminhada. Por isso, se não há o compromisso definitivo de dedicação integral pelo bem do amado – casamento, “até que a morte os separe” –, o ato sexual, por exemplo, nunca será uma doação de si, mas apenas uma parte, será uma projeção do amor, prazer por prazer apenas.

Uma pessoa madura afetivamente é aquela que aprendeu a se realizar mais pela doação de si do que pela necessidade de suprir seus impulsos, seus sentimentos e suas carências; contudo, estes últimos exemplos são os mais comuns. Na maioria das vezes, o tão desejado romance diz respeito mais à vontade de ser amado, reconhecido e preenchido do vazio da solidão do que de ir em direção ao coração do outro.

Já a força de amar que existe em nós só será de felicidade se não nos reservarmos para nós mesmos. Jesus ensinou: “Serás feliz, porque eles não têm com que te retribuir” (cf. Lc 14, 14). Quer dizer que a alegria chega quando entregamos de nós sem esperar retribuição. Isso pode causar estranheza, pois quando falamos em doar sem receber, parece que seremos prejudicados, estaremos em desvantagem. Como ser feliz assim?

Note se a doação de si não trará o que de melhor você tem à tona. Daí, você se sentirá bem e feliz. Agora, é claro, se você se doa e não percebe a outra pessoa se doando, é um sinal de que esse relacionamento não é sadio, mas você, pelo menos, ganhou a experiência de amar bem.

Será um processo interior. Levamos tempo para aprender a nos desapegarmos de nós mesmos, mas, naturalmente, o relacionamento proporciona esse processo.

– Autoconhecimento

Devemos nos autoconhecer para saber o que podemos ofertar. Ninguém conseguirá dar o que não possui ou ser o que não é.

– Saiba o que você quer

Qual o perfil de pessoa que mais combina com você? Não falo de biotipo, de traços sociais ou intelectuais, mas de ideais de vida que você deseja que a outra pessoa traga em si. De modo algum, esse exemplo é egoísta ou o lado avesso do amor doação de que estamos falando. Trata-se somente de cuidar, de dar de si a alguém que almeja o que você possui. De que adiantaria oferecer à outra parte o que não interessa a ela? Exemplo: Você acredita que a família está acima de tudo, mas a outra pessoa acredita no trabalho acima de tudo.

Diferenças todos nós as teremos, e quanto maior a cumplicidade, mais vulneráveis estaremos à outra pessoa. Com a vivência, é normal que pequenos atritos se transformem em tempestades, dada essa proximidade e vulnerabilidade. Deve-se aprender a lidar com eles.

Agora, imagine se o (a) seu (sua) pretendente tiver o pensamento, os planos para um futuro totalmente contrários ao que você anseia e pensa? As chances desse romance não dar certo serão enormes.

– Zele pela sua dignidade de pessoa e de filho de Deus

Assuma-se como filho de Deus, com a dignidade de quem porta um mistério do céu. Que o seu grande amor seja seu auxílio na busca pela santidade. Que ambos procurem o bem mútuo. Até nos contos de fadas um “casal perfeito” se respeita e se trata bem com gestos e palavras.

– Não tenha pressa e não tenha medo de ser exigente

Uma pessoa especial não se encontra na liquidação da esquina. Quando nos apressamos em buscar o amor de alguém, principalmente quando incitados pela carência, corremos o risco de atropelar os processos de conhecimento e de amizade, o que nos coloca, muitas vezes, em uma “barca furada”. De uma aproximação natural é que virá o discernimento sobre a pessoa pretendida.

Hoje em dia, perdeu-se muito a beleza e a preciosidade da paquera, a troca de olhares, o encantamento com a outra pessoa. O tão comum “ficar” mascarou o verdadeiro anseio do ser humano em viver o amor; então, as pessoas querem demonstrar sinais e serem imediatamente respondidas. Muito provavelmente, nesses exemplos não há um grande amor.

Enquanto essa pessoa não chega, que tal você se preparar? Queira ser um ser humano melhor!

A esperança nunca fez mal a alguém, pois “a esperança não engana” (cf. Rm 5,5). Lembre-se também de que não só você está procurando, mas, talvez, esteja sendo observado (a).

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