O casal que não se realiza na vida sexual pode passar por sérias crises e até separação
A vida sexual é fundamental para o casal. O Catecismo da Igreja diz que é o “ato próprio dos casais”. De todas as alternativas possíveis que Deus poderia ter empregado para gerar a espécie humana, Ele escolheu a relação sexual, expressão do amor conjugal. Deus quis dar ao casal humano, pelo sexo, a glória de cooperar com Ele na criação do mais belo ser deste mundo. Nenhuma outra missão é mais nobre do que esta de dar a vida a um ser humano.
Diz o Catecismo que: “A união do homem e da mulher, no casamento, é uma maneira de imitar, na carne, a generosidade e a fecundidade do Criador: ‘O homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tomam uma só carne’ (Gn 2,24). Dessa união procedem todas as gerações humanas”. (Cat. 2335)
A Igreja ensina que a vida sexual é legítima e adequada “aos esposos”: “Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (Cat. §2362; GS, 49). Então, o casal cristão precisa se preparar para viver bem a vida sexual, que só é lícita no matrimônio.
Documentos da Igreja sobre a vida sexual do casal
Vários são os documentos da Igreja que tratam da vida sexual do casal. O Catecismo falou sobre o assunto em vários parágrafos (por ex. 1646 a 1652, 2211, 2333, 2351 a 2362, 2396).
O Concilio Vaticano II discutiu a sexualidade em “Gaudium et Spes”. Os papas sempre trataram desse assunto em seus pronunciamentos, encíclicas e outros documentos. Paulo VI o abordou na “Humanae Vitae”, João Paulo II na “Veritatis Splendor” e “Evangelho da Vida”; Bento XVI em “Deus caritas est” e “Caritas in veritate”.
Sobre esse assunto, depois de consultar seis padres especialistas em teologia moral, escrevi o livro “Vida sexual no casamento”, com o devido “Imprimatur” de nosso bispo emérito da Diocese de Lorena, Dom Benedito Beni.
A importância de uma vida sexual harmoniosa no casamento
A vida sexual é algo sublime no plano de Deus; por isso, jamais um casal deve pensar que o Senhor esteja longe no momento de sua união mais íntima; pois este ato é santo e santificador no casamento e querido por Deus. A virtude da castidade, mais do que consistir na renúncia ao sexo, significa o seu uso adequado. O casal que não se realiza na vida sexual pode passar por sérias crises e até separação; por isso eles precisam dialogar sobre isso com naturalidade e buscar o seu ajustamento sexual, o qual, nem sempre, é fácil. Às vezes, será preciso buscar a ajuda de um psicólogo(a) cristão ou de um médico cristão que os ajude.
Mais do que antes, a vida sexual harmoniosa é importante para os casais cristãos, hoje, pois a total liberação sexual atual aumenta muito a tentação para o adultério. Não é à toa que São Paulo, há 2 mil anos, já recomendava aos cônjuges cristãos: “não vos recuseis um ao outro, a fim de que satanás não vos tente” (1Cor 7,5).
A recusa ao ato sexual no casamento, sem motivo justo, pode representar não apenas uma injustiça para com o cônjuge como também o perigo de o expor à infidelidade e o casamento ao fracasso. Isso mostra que os casais não devem ficar muito tempo separados, quaisquer que sejam os motivos, especialmente por razões menores. O afastamento prolongado deles pode gerar uma situação de estresse para um deles. O Código de Direito Canônico fala sobre isso, o “débito conjugal”.
No entanto, também outros fatores, que não só o sexo, podem ser até mais importantes para a felicidade matrimonial; muitos casais superam seus problemas e angústias com um amor autêntico.
As diferenças na vida sexual do homem e da mulher
O casal cristão, bem antes do casamento, precisa se preparar para a vida sexual, conhecer a sua beleza, sua dignidade, suas dificuldades etc. Há livros excelentes sobre isso, como os do padre, médico e psicólogo João Mohana (“Céu e carne no casamento”; “Vida sexual de solteiros e casados”, “Ajustamento conjugal” etc.).
Cada um precisa conhecer as diferenças na vida sexual do homem e da mulher. Ele se prepara com mais facilidade para o ato conjugal; ela é mais lenta. João Mohana diz que “ele dá amor para receber sexo; ela dá sexo para receber amor”. A esposa precisa ser preparada para o ato sexual com as devidas carícias que aceita e necessita para chegar à satisfação plena. Para o homem, o ato sexual começa na cama; para ela, no café da manhã, na palavra carinhosa, no elogio sincero, no restaurante, no presente que ganhou.
O sexo é expressão do amor conjugal
Antes de tudo, o casal cristão precisa entender que o sexo é “um ato de amor”, de expressão do amor. Então, se não existe amor, o ato sexual pode ser difícil e até vazio. Não é possível viver bem à noite se se vive brigando e ofendendo-se durante o dia.
O casal cristão há de entender também que a vida sexual não é um fim, mas um meio de se viver e manifestar o amor conjugal. O casamento e o amor não podem acabar quando a vida sexual se torna difícil. Muitas vezes, no casamento, ele será impossível; especialmente quando um está doente, perturbado por uma preocupação (especialmente a mulher), quando dá à luz um filho ou quando há a necessidade de se usar o método natural para evitar, por um tempo, uma nova gravidez.
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O casal precisa aprender a se preparar para períodos de abstinência sexual sem cair na tentação do sexo ilícito e pecaminoso (masturbação, adultério, pornografias etc.). Para isso é necessária a graça de Deus, uma vida de oração, mortificação, vivência da confissão, da comunhão eucarística etc. A carne é fraca, mas o espírito é forte. Santo Agostinho disse: “O que é impossível à natureza é possível à graça de Deus”.
Um casal pode ter longa vida sexual, pois a idade avançada não põe fim a isso, mas, evidentemente, o sublima e valoriza ainda mais. Muitos chegam à viuvez, onde a vida sexual é interrompida, ao menos por um tempo, quem sabe até um novo casamento. Sobretudo, é preciso entender que o que mais vale é fazer a vontade de Deus em qualquer etapa da vida.