No que marcamos os outros?

O que deixamos nas pessoas quando passamos por suas vidas? No que marcamos aquele que conosco fez a experiência de conviver? É certo que deixamos um pedaço de nós em cada pessoa que passa por nossa história, e que marcamos o outro pelo positivo ou negativo.

A vida vai acontecendo e não espera ninguém, diante disso, é preciso ter “os pés no chão”. Reflita: “o pior inimigo do real é o ideal”, ou seja, é aquela idéia de perfeição utópica que só existe mesmo no mundo das idéias, mas não toca nossa realidade… Pena é que muitas pessoas perdem um tempo precioso buscando o amigo perfeito, o relacionamento perfeito, a pessoa perfeita e deixam de viver o agora, valorizando o que se tem e amando as pessoas que Deus lhe confiou no hoje.

O pior é que por vezes as pessoas que temos conosco não são aquilo que quereríamos, não são o que idealizamos, e por isso não lhes damos o valor que merecem. Saiba que cada pessoa que passa por sua vida é um “recado ambulante de Deus” para você, e que através destas Deus quer te falar.

Somos muito superficiais, compramos o produto pela embalagem e não pelo que ele é em si. É como a ostra: dentro dela se encontra uma pérola preciosa, mas para se chegar a ela é preciso superar o desencanto causado pelo casco, que na maioria das vezes está sujo e cheio de lodo, e quebrá-lo definitivamente.

Toda pessoa é um dom precioso, porém, inúmeras vezes elas se encontram aprisionadas dentro de seus supostos cascos existenciais… Por isso, é necessário ter paciência e perseverança para removermos “o casco” e para descobrirmos a preciosidade contida no coração humano.

Não podemos querer pessoas prontas, nunca vamos encontrar alguém que se encaixe totalmente em nossos padrões. As pessoas precisam “respirar”, e não podemos violentá-las naquilo que elas são, na verdade própria de cada uma.

Existem inúmeras pessoas que são obrigadas a serem superficiais, condicionadas pela hipocrisia de alguns que sempre exigem que estas sejam o que eles querem.
Até quando seremos julgados, “sem direito de defesa” por não sermos aquilo que outros querem, por não darmos o sorriso que querem e do jeito que desejam? Principalmente, o cristão precisa adquirir esta independência interior de ter a coragem de ser aquilo que é, sem superficialidade, e de permitir que outros toquem sua verdade também.

Pessoas são pessoas, e não robôs que podemos manipular… Pode ser que para você o outro não esteja fazendo o que é correto, mas para Deus ele está. E aí Deus vê o coração, e a intenção de cada um. Ele não para na “embalagem”.
(…) Não somos os donos da razão, logo, precisamos respeitar o sacrário inviolável que é o coração humano.
Portanto, tomo a liberdade de sugerir-te: não exija o ideal, nem idealize o irreal. Abrace o real, o que você tem, o seu possível.

O tempo está passando, e já é hora de imprimir o bem que existe em você no coração alheio. Não se engane, pois é esse mesmo que está com você. Ele é o presente, a pérola de Deus para você. Tenha a coragem de descobrí-lo, respeitando com ternura e paciência o que ele é, pois o amor e a misericórdia são os elementos necessários para transformação da matéria humana, e somente através destes, a imperfeição pode vir a ser virtude.

Este é um tempo novo, tempo de acolher o diferente. (…)