Espiritualidade

A Virtude da Pureza: um caminho para a santidade

A Virtude da Pureza: um chamado à santidade

Ao falarmos sobre a virtude da pureza, é importante sabermos o que ela é. Com base no conceito de pureza,  compreendemos que “a pureza é a qualidade do que é puro (aquele ou aquilo que está livre e isento de qualquer mistura de outra coisa, que não inclui nenhuma condição, exceção ou restrição nem prazo, ou que está isento de imperfeições morais)… E, por outro lado, diz respeito à virgindade e à castidade. Uma mulher pura, por conseguinte, é aquela que nunca teve experiências sexuais”.

Na filosofia, seu conceito tem foco na vida do ser humano. Nós cristãos ficaremos com o conceito da pureza espiritual, em que cada pessoa busca a Deus verdadeiramente, ou seja, de todo coração, e, consequentemente, busca o bem do outro sem interesses pessoais (cf. I Cor 13,5). Desse modo, coloca os seus dons e talentos a serviço de Deus e dos outros sem esperar nada em troca.

pureza

Crédito: andreswd / GettyImages

Considerando o conceito filosófico, a pessoa que age dessa maneira tem uma pureza de espírito, e isso demonstra que não é egoísta. A vivência da pureza espiritual requer a busca de santidade com Deus, que, consequentemente, se estende em comunhão com os seres humanos, portanto, os prazeres do mundo não podem mais fazer parte da vida pura e santa.

Nossa Senhora, em vista do projeto da salvação da humanidade, é concebida por graça de Deus sem pecado original, ou seja, Maria nasceu e permaneceu em estado de pureza divina, pois, no seu ventre, conceberia Deus feito homem.

A pureza de Deus e o ventre de Maria

A pureza de Maria é total, e, como criatura humana, não foi poupada na sua humanidade, ou seja, viveu o processo natural das provações e tentações terrenas, porém, em nenhuma delas cedeu ao pecado, e levou uma vida santa.

A Sua pureza nasce no coração, que para nós cristãos simboliza o centro ou núcleo do nosso ser; dele originam as nossas boas ou más ações: “O coração é a morada onde estou, onde habito (e segundo a expressão semítica ou bíblica, onde eu «desço»). É o nosso centro oculto, inapreensível, quer para a nossa razão quer para a dos outros: só o Espírito de Deus é que o pode sondar e conhecer. E o lugar da decisão, no mais profundo das nossas tendências psíquicas, é a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte.” (CIC 2563)

Maria, durante toda a sua vida, viveu de fé, uma fé pura e genuína que lhe proporcionou uma comunhão plena com a vontade de Deus. Essa pureza de fé é inata ao seu coração, e por isso é bem-aventurada diante de Deus: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus” (cf. Mt 5,8). Maria não somente vê a Deus com os olhos da fé, como também faz experiências sobrenaturais, e uma delas foi receber a visita do Anjo Gabriel, um mensageiro divino; e de modo determinante, em seu ventre puro e santo, o próprio Deus fez morada e habita no meio de nós.

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Esforço interior e graça de Deus

Precisamos viver a virtude da pureza do coração na vida terrena para vermos Deus face a face na eternidade. Desse modo, exercitamos a visão espiritual, pois vemos em toda a criação o que é de Deus, e damos sentido divino ao que vivemos. Com a pureza de coração, banimos o homem mundano em nós e damos lugar ao homem espiritual, a estatura e maturidade de Cristo. (cf. Ef 4,13). Isso exige esforço interior, é um processo profundo que deve contar com a graça de Deus, na certeza de colher bons frutos.

É da pureza do coração que adestramos os nossos afetos e desejos, sendo vigilantes numa vida de oração, com disposição e determinação em levar uma vida santa: “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (cf. Lc 6,45).

Vivendo a pureza do coração conseguiremos guardar a nossa castidade, os desejos incontroláveis da carne, desapegando das coisas encantadoras e atrativas do mundo. Maria, em toda a sua vida, teve Deus como o primeiro em seu coração. Imitando a sua pureza divina, o homem alcançará o céu onde contemplará a face de Deus. Em Fátima, Nossa Senhora nos alerta de que os pecados contra a impureza são os que mais levam as almas para o inferno, pois são os mais frequentes.

Pureza na prática

De modo prático, empenhemo-nos numa vida santa, exercitando pensar em Deus diante das impurezas nos pensamentos, palavras e ações. Desviemos o nosso olhar do que nos leva a pecar, sem os fixar no corpo do outro com malícia nem alimentando os desejos carnais que nos fazem pecar contra a pureza, pois eles são os espelhos da alma.

Procuremos contemplar o Senhor na Adoração, que nos purifica e santifica. Jejuar também é uma forma eficaz de viver a castidade, fugir das ocasiões que nos levam a pecar, pois somos frágeis e pecadores, e lembremo-nos sempre de ter uma vida de constante oração, aproveitando todas as situações da vida para rezar e, de modo particular, contar com a ajuda da Mãe do Céu através da reza do terço, pois “É a Virgem Maria, esse ser luminoso, todo puro da pureza de Deus, que me tomará pela mão para me introduzir no céu” (Santa Elizabete da Trindade).