Talvez já tenhamos ouvido que Deus se fez pequeno, e humilhou-se por amor a nós: Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E, encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz. (cf. Fl 2,6-8)
De maneira simples, podemos dizer que Deus “desce dos céus”, lembrando que Ele sempre esteve no meio de nós, onipresente, e as Sagradas Escrituras nos asseguram isso. Despojar-se de Si, tornando-se semelhante a nós, encarnando no seio da Virgem Maria, foi manifestação do Seu amor.
Sendo Deus, Ele poderia usar de vários meios para se manifestar ao mundo, mas escolheu a Bem-Aventurada Virgem Maria e quis precisar dela: Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei. (Gl 4,4)
Tenha Maria como sua intercessora
“Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.” (Lc 1,30-31)
Foi em Maria que Deus encontrou graça, e nos enviou o Seu Filho para nos salvar: “Nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11).
Santo Agostinho nos diz que “Maria, antes de conceber Jesus em seu ventre, já o tinha concebido no coração”.
Maria acolhe a graça de Deus, submetendo-se e abandonando-se na Sua vontade. Ao dizer sim, dispõe-se a cooperar no plano da Salvação da humanidade, e com ela todas as consequências futuras que viriam.
Mediadora das graças
Nas palavras de Isabel, encontramos razões para aliar-se a Maria e fazer dela nosso auxílio forte e seguro na oração:
Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor me venha visitar? (Lc 1,42-43)
Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido! (Lc 1,45)
Maria é bendita. Isso significa que é uma pessoa abençoada, que tem méritos diante de Deus e que trouxe em seu ventre o Bendito Jesus. Feliz é Maria, que acreditou, mulher de fé inabalável, que em nenhum momento duvidou e que viu as promessas de Deus se cumprirem, porque elas são irrevogáveis.
Desde o Antigo ao Novo Testamento, encontramos a presença de Maria. Citamos apenas algumas passagens que a demonstram: Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3,15)
(…) Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. (Is 7,14)
E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho”. (Jo 2,3)
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Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas, Maria, mãe de Jesus… (Atos 1,14)
E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. (Ap 12,1)
Do Gênesis ao Apocalipse está Maria, nas profecias e nos fatos; nas bodas de Caná, a mãe de coração atento que observa e se antecipa diante das necessidades dos filhos, ao faltar o vinho; aos pés da Cruz, com o coração dilacerado e traspassado pela dor, guardava tudo no silêncio do coração e, na pessoa de João, atende o apelo do Seu Filho e nos recebe como filhos. Também na Ressurreição, lá estava Maria, a primeira que acreditou. No
meio da desolação, tristeza e desânimo dos apóstolos, sem compreender o que de fato acontecia com eles, sem saber qual rumo tomar, Maria os firma na fé e, reunidos em Cenáculo, recebem o Espírito Santo.
No Apocalipse, na imagem da “Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e coroada por doze estrelas”, vemos o triunfo de Maria Imaculada, que após o coração traspassado pela morte do seu Filho na Cruz, participa e reina, em corpo e alma no céu, com o seu Filho Jesus.
Diante desses acontecimentos, não resta dúvida: Nossa Senhora é a pessoa com a qual devemos contar, para juntos rezarmos e alcançarmos graças, pois o mérito de Maria junto a Jesus é inquestionável. Só temos benefícios ao contar com a Santa Mãe de Deus e também nossa Mãe.
O nosso Papa Emérito Bento XVI, na homilia da canonização de Santo Antônio de Santana Galvão, disse: “Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”.
Nossa Senhora, diante do trono de Deus nos céus, intercede por nós junto a Jesus, como aquela que acreditou e testemunhou as promessas de Deus para a humanidade. Ela tem os méritos necessários para alcançar as graças que suplicamos. Como nas bodas de Caná, ela deseja que façamos tudo o que Jesus nos disser.
Maria é a nossa acolhida materna
Como mãe, ela socorre toda a Igreja e todos os seus filhos não somente os cristãos, mas todos, dos mais simples até os que estão enfraquecidos na fé e afastados. Nesses casos, a Virgem Maria, com seus braços maternais, é o único vínculo de afeto, de acolhida, de cuidado.
Assim o diz São Thomaz de Villa Nova: Ela é dotada de um coração, o mais terno e compassivo, e por isso não pode ser indiferente, nem deixar de valer a quem deveras A procura. Ela até foi escolhida pelo mesmo Deus para ser nossa advogada.
Ela está no céu perante seu divino Filho, pedindo sempre por nós, mostrando-Lhe suas lágrimas e apresentando-Lhe suas intensíssimas dores por seu amor e por nós sofridas. Ela não aborrece, nem desampara um pecador, por mais enormes que sejam os seus crimes, contanto que olhe deveras para Ela, com grande aborrecimento ao pecado, e verdadeiro desejo de emenda.
Assim diz São Bernardo: Ainda que o pecador se veja já no abismo de tristeza, já decepcionado, mesmo às portas do inferno, se deveras e de coração puser os olhos em Maria, dirigindo-lhe fervorosas súplicas, logo há de sentir na sua alma as luzes da divina graça, e as doces consolações da divina misericórdia. Ó, bendito seja o nosso Deus, que nos deu uma tal Mãe, uma tão poderosa advogada!
Trecho extraído do livro “Rezar com a mãe”, de Nilza e Gilberto Maia