Neste artigo, iremos tratar do tema Quaresma — de modo básico e explicativo —, dando enfoque ao aspecto celebrativo litúrgico. Para isso, será usado o livro “Entrarei no altar de Deus”, de Michel Pagiossi, na terceira parte. O objetivo é explicar um pouco como iniciou a Quaresma e o que ela significa, assim como cada dia do tríduo pascal. O desejo é de que você seja preparado para tal tempo litúrgico de tamanha importância.
Desde o início do cristianismo, a solenidade da Páscoa era precedida por uma preparação, essa atitude foi ganhando peso e forma até o que vivemos hoje em dia. Santo Atanásio conta que o período quaresmal já existia no século IV, prova disso são os documentos da peregrina Egéria e as obras de Santo Agostinho. A última instrução e reforma deu-se no Concílio Vaticano II.
Início do tempo quaresmal
O tempo quaresmal se inicia na Quarta-feira de Cinzas e se encerra antes da Quinta-feira Santa. Somando cinco semanas e mais o Domingo de Ramos são 40 dias, por isso, chamamos de Quaresma, lembrando que a Quaresma se diferencia da Semana Santa ou Maior. O número quarenta representa os dias de Nosso Senhor no deserto, assim como os anos em que o povo Hebreu viveu no deserto e do dilúvio, por exemplo.
Nos resultados do Vaticano II ficou estabelecido que o sentido quaresmal seria de modo duplo como seguimento da Sagrada Tradição: a lembrança do Batismo com a preparação dos catecúmenos e um tempo de penitência somado às orações. O documento que comenta o tema é a Sacrosanctum Concilium. A Paschalis Sollemnitatis orienta que o ambiente da Igreja seja preparado para o culto com ornamentações mais sóbrias, da mesma maneira os cantos, não se canta “Aleluia”. As homilias estarão voltadas para conversão, purificação, batismo e misericórdia/confissão. No V domingo se indica cobrir as imagens de santo e crucifixo até o início da Vigília Pascal.
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Quaresma é tempo de penitência e purificação
No I Domingo, aparece as tentações do Senhor; e, no II, a Sua transfiguração, seguidos de outros temas, conforme o Ano litúrgico (A,B e C). Em relação às missas votivas, ou seja, de recordação dos santos, pede-se que priorize o tempo quaresmal. A cor litúrgica referente ao tempo será o roxo, que representa a penitência e purificação. Somente no IV Domingo pode-se usar o róseo ou rosáceo referente ao chamado “Domingo Laetare” (Domingo da Alegria), o que seria o roxo com um tom de branco recordando o pré-anúncio da Páscoa.
Também recorda-se que todas as sextas-feiras do ano, exceto solenidades, é indicado a abstinência de carne ou outra mortificação. O jejum é indicado na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta da Paixão. Deve ser escolhido por parte do fiel uma penitência e dedicado momentos mais profundos de oração, principalmente a “Via-Sacra” às sextas-feiras, assim como exames de consciência somados à confissão dos pecados.
Tempo de encontro com Deus
Dessa maneira, atento às celebrações litúrgicas e ao que indica a Igreja, é possível viver profundos momentos de encontro com Deus e conversão por meio da prática quaresmal. Entender a liturgia e os motivos de sua execução fazem-nos celebrar, de modo mais consciente e ativo, o tom e sabor da vida cristã, assim como também os da alma.
Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos!