A Igreja prepara os fiéis para celebrar o Natal do Senhor, abrindo-lhes os corações para entenderem o dinamismo da presença de Jesus Cristo em suas vidas. De fato, nossa prática religiosa não é estática, mas provocadora de atitudes que efetivamente modificam a realidade. Desejamos chegar melhores ao Natal que se aproxima e não nos conformamos em ser meros espectadores do acontecimento da Encarnação do Verbo de Deus. A cena do Natal é riquíssima em detalhes e pedimos a Virgem Maria que nos conduza pela mão, diante do grande painel pintado pela Trindade Santa.
A primeira cena é tão comum como extraordinária, o nascimento de uma criança. A Liturgia do quarto domingo do Advento faz ouvir Isaías (7, 10-14): “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”. A Carta aos Romanos (1, 1-7) apresenta Jesus Cristo, Filho de Deus, “descendente de Davi segundo a carne” e o evangelista São Mateus conta como foi a “origem de Jesus Cristo”. Deus quis percorrer o caminho da família humana, com todas as suas alegrias e vicissitudes. Deus quis sentir fome e frio, acolheu abraço e carinho de pai e mãe, foi peregrino e exilado, trabalhou com mãos de carpinteiro, alegrou-se com o dia a dia de Nazaré. Que nenhuma vida humana seja desprezada e maternidade e paternidade sejam de novo valorizadas!
A cena do presépio é descrita de forma a mostrar realizada a paz entre a humanidade e a natureza. Quantas pessoas já encenaram o Natal e ficaram contentíssimas até em serem a vaca ou o burrinho, presentes no divino estábulo da noite santa ou, quem sabe, entrar com uma fantasia de estrela falante! Mas todos querem entrar! Teatro muito parecido com a vida! Neste Natal, ninguém se envergonhe das emoções tanto ancestrais quanto verdadeiras. É tempo, sim, de gostar de ter pai e mãe, irmãos, gerações diversas em torno da mesa, histórias de família, ternura e carinho.
As narrativas evangélicas do nascimento de Jesus põem em relevo figuras simpáticas, os pastores de Belém. Neles, três atitudes são ressaltadas. De um lado, acolheram com alegria o anúncio, lá mesmo onde se encontravam, em seu trabalho cotidiano. Depois foram conferir de perto, saindo da rotina para maravilhar-se ao encontrar, com olhos novos, um Menino e Sua Mãe. Dali saíram, primeiros evangelizadores, espalhando a notícia, que era grande alegria para todo o povo. Natal se experimenta e se conta aos outros! A nós a mesma tarefa de acolher boas notícias, vivê-las em primeira pessoa e comunicá-las aos outros!
A delicadeza dos detalhes chega aos homens vindos de fora e de longe, que trazem o melhor que possuem, dando ao rei o ouro, a Deus o incenso e a mirra Àquele que passaria pelos vales da sombra da morte. Tem gente chegando neste Natal! Do longe-perto de nossa vida, há crianças, jovens e adultos que, neste ano, pela primeira vez tomam conhecimento do que ocorre.
Por causa dos magos vindos a Belém de Judá, até hoje trocamos presentes no Natal de Belém do Pará, como em todo o mundo. Que possamos colher as lições do Natal para sermos mais fraternos e solidários. Estes são os meus votos, destinados a todos os homens e mulheres, chamados por Deus a glorificá-Lo nas alturas do Céu, para que, na terra, amados por Ele e repletos de boa vontade, sejam felizes!