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Maria, testemunha de fé e esperança no Advento

Fé e esperança na altura do Advento

O tempo do Advento inaugura o ciclo do Natal e o novo Ano Litúrgico. Como preparação para o Natal, a tônica litúrgica deste tempo é dada pelas virtudes teologais da fé e da esperança. E Maria é o ícone perfeito que ilustra a importância da vivência dessas virtudes em atitude de expectação pelo cumprimento das promessas de Deus. A expectação de Maria é fruto da viva confiança no Deus fiel que dá “carne”, ou seja, concretude a todas as suas promessas em favor de seu povo.

A imagem é uma fotografia de uma escultura religiosa em mármore branco ou pedra clara, que retrata a Virgem Maria segurando o Menino Jesus.

Créditos: bahaus 1600 by Getty Images.

O testemunho de Maria

Fora do âmbito teológico, a testemunha é uma pessoa digna de crédito, que atesta acerca da idoneidade de alguém, da veracidade legal ou não de um ato. No âmbito teológico, pode-se tomar de empréstimo essa palavra e aplicá-la a Maria.

No plano da salvação, Maria é creditada por Deus Pai, na potência do Espírito Santo, para a nobilíssima missão da maternidade divina do Filho. O que Maria faz de extraordinário? Nicolau Cabasilas, místico bizantino do século XIV, responde em um dos seus textos homiléticos sobre a Anunciação: “A voz de Maria é uma voz potente! E o Verbo do Pai é formado por meio do verbo de uma mãe.” O fiat de Maria, ou seja, a palavra que ela pronuncia garante que a natureza humana do Verbo encarnado seja formada. Dessa maneira, a Virgem de Nazaré se torna testemunha de fé e esperança para a Igreja e para o mundo.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – são infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de proceder como filhos seus, e assim merecerem a vida eterna (Cf. CIC 1813). Nesse sentido, Maria acolhe, com disposição singular, as virtudes teologais da fé e da esperança. Considerando o desígnio eterno de Deus, a liberdade de Maria se dispõe a acolher essas virtudes e, assim, ela é fortalecida e preparada para o cumprimento da sua missão.

Maria se torna testemunha de fé e de esperança porque peregrina na sua fé, ou seja, faz um percurso que lhe permite avançar e amadurecer. O Concílio Vaticano II ensina que “[…] avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até a cruz” (LG 58). E a peregrinação de Maria na fé é movida pela esperança de ver as promessas de Deus cumpridas na história do seu povo.

Para a realização das promessas divinas, Maria colabora oferecendo a sua humanidade puríssima a fim de que, no ato da encarnação, a Pessoa Divina do Filho, sem renunciar à sua divindade pudesse assumir a natureza humana para redimi-la e curá-la da ferida causada pelo pecado. A colaboração de Maria na história da salvação mostra a qualidade da sua fé e da sua esperança.

Na verdade, Maria é a primeira e incontestável testemunha de fé e esperança na Igreja para ela. E enquanto Mãe, membro eminente e singular da Igreja (Cf. LG 53), ela ensina aos demais membros do Corpo de Cristo como acolher e como fazer crescer essas virtudes, cultivando as disposições interiores apropriadas.

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Acreditar e esperar como Maria

O tempo do Advento nos coloca em contato com as palavras que o Espírito Santo inspira a Isabel e que ela profere com espírito exultante. Na boca de Isabel grávida, encontram-se as palavras mais apropriadas a Maria, e que merecem ser recordadas: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45). Maria é bem-aventurada porque, movida pela fé e pela esperança, é capaz de acreditar sem reservas nas promessas do Deus, o qual, em todos os tempos, não faz outra coisa senão manifestar fidelidade a Seu povo.

Que durante a expectação espiritual pela celebração do nascimento do Salvador, possamos nos aproximar de Maria a fim de que ela, enquanto testemunha de fé e esperança, nos ajude a viver, intensa e profundamente, o tempo do Advento. Que a intercessão de Maria alcance para nós a graça de testemunhar com fé e esperança a divina filantropia de Deus que, por amor de nós, se faz um de nós!

Padre Robison Inácio de Souza Santos
Diocese de Guaxupé (MG). Doutorando em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.