Infância e Origem Real
Santa Joana Princesa, oficialmente Beata Joana de Portugal, nasceu em Lisboa em 6 de fevereiro de 1452, filha do rei D. Afonso V e da rainha D. Isabel de Coimbra, pertencendo à Casa de Avis. Após a morte do seu irmão mais velho, foi jurada princesa herdeira da Coroa de Portugal, posição que manteve até ao nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II.

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Vocação Religiosa e Rejeição da Corte
Desde muito nova, Joana demonstrou uma profunda vocação religiosa. Apesar de viver na corte, evitava festas e convívios, preferindo a oração e a meditação. Era conhecida pela sua beleza, inteligência e caridade, frequentemente distribuindo esmolas aos pobres com as próprias mãos. A sua recusa em aceitar pretendentes – entre eles nobres e reis estrangeiros – foi justificada pela sua decisão de ser “esposa só de Jesus Cristo”.
Vida Monástica em Aveiro
Após cumprir os deveres de princesa e regente do reino em 1471, durante a expedição de D. Afonso V a Arzila, Joana conseguiu autorização para se retirar da vida política e ingressar na vida religiosa. Inicialmente passou pelo Convento de Odivelas, mas foi no Convento de Jesus, em Aveiro, da Ordem Dominicana, que encontrou o seu verdadeiro refúgio espiritual, onde viveu desde 1472 até à sua morte.
Apesar da oposição do pai e do povo, Joana insistiu em permanecer no convento, onde adotou uma vida de humildade, pobreza, penitência e oração. Aplicou as suas rendas no socorro aos pobres e destacou-se pelo serviço aos mais desfavorecidos e doentes.
Morte e Legado Espiritual
Santa Joana faleceu a 12 de maio de 1490, após grande sofrimento devido à peste, com fama de santidade, no Convento de Jesus em Aveiro, onde foi sepultada. No seu testamento, deixou bens ao sobrinho D. Jorge, e libertou os escravos ao seu serviço, legando o Mosteiro de Jesus como herdeiro espiritual. O túmulo de Joana tornou-se local de peregrinação e culto, sendo considerada padroeira de Aveiro e da sua diocese.
Beatificação e Culto
O culto popular à princesa rapidamente se espalhou após a sua morte, com relatos de milagres atribuídos à sua intercessão. Em 1693, o Papa Inocêncio XII reconheceu oficialmente o culto à Beata Joana, fixando a sua festa litúrgica a 12 de maio. Embora não tenha sido canonizada, é venerada como santa pelo povo português, especialmente em Aveiro, onde a sua memória permanece viva através de procissões e festas religiosas.
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Santa Joana destacou-se pela renúncia aos privilégios da sua condição real, abdicando do trono e das riquezas para abraçar uma vida de pobreza, humildade e serviço no Convento de Jesus em Aveiro. Mesmo sem professar votos solenes, viveu como religiosa, cumprindo com rigor e discrição as tarefas e limitações da vida claustral.
Fontes Documentais
A principal fonte documental sobre Santa Joana é o Memorial da Infanta Santa Joana Filha del Rei Dom Afonso V, conservado no antigo Mosteiro de Jesus, juntamente com a Crónica da Fundação do Mosteiro de Jesus de Aveiro. Estes documentos, juntamente com relatos de cronistas contemporâneos, sustentam a sua biografia e a construção da sua memória enquanto figura de santidade e modelo de virtude e símbolo de renúncia, humildade, coragem, perseverança, caridade, compaixão e fé inabalável, inspirando a devoção popular e a identidade religiosa da cidade de Aveiro e de Portugal.
Segundo a legenda, durante o seu cortejo fúnebre, as flores que ela própria tratava caíram sobre o caixão, prestando-lhe uma última homenagem – episódio considerado o seu primeiro milagre e que reforçou a fama de santidade junto do povo.
Paula Ferraz
Missionária do 2º elo, Frente de Missão Fátima- Portugal