Sobre a Teologia da Libertação


É importante conhecer o pensamento do nosso Papa em alguns assuntos que são fundamentais para a fé e a moral cristã, pois o Papa é o Pastor universal das almas. Esses ensinamentos foram dados quando ele era ainda o Cardeal Ratzinger.


«Encontramo-nos, em resumidas contas, em uma situação singular: a teologia da libertação tentou dar ao cristianismo, cansado dos dogmas, uma nova praxe mediante a qual finalmente teria lugar a redenção. Mas essa praxe deixou, para trás de si, ruínas em lugar de liberdade. Fica o relativismo e a tentativa de nos conformar com ele. Mas o que assim nos oferece é tão vazio que as teorias relativistas procuram ajuda na teologia da libertação, para, a partir dela, poder ser levadas a prática». (Conferência em Guadalajara (México). Novembro de 1996.)

«Não se pode tampouco localizar o mal principal e unicamente nas ‘estruturas’ econômicas, sociais ou políticas más, como se todos os outros males se derivassem, como de sua causa, destas estruturas, de sorte que a criação de um ‘homem novo’ dependesse da instauração de estrutura econômicas e sócias-políticas diferentes.

Certamente há estruturas iníquas e geradoras de iniqüidades, que é preciso ter a valentia de mudar. Frutos da ação do homem, as estruturas, boas ou más, são conseqüências antes de ser causas. A raiz do mal reside, pois, nas pessoas livres e responsáveis, que devem ser convertidas pela graça de Jesus Cristo, para viver e atuar como criaturas novas, no amor ao próximo, a busca eficaz da justiça, do domínio de sim e do exercício das virtudes».

«Quando fica como primeiro imperativo a revolução radical das relações sociais e se questiona, a partir daqui, a busca da perfeição pessoal, entra-se no caminho da negação do sentido da pessoa e de sua transcendência, e se arruína a ética e seu fundamento que é o caráter absoluto da distinção entre o bem e o mal. Por outra parte, sendo a caridade o princípio da autêntica perfeição, esta última não pode conceber-se sem abertura aos outros e sem espírito de serviço».

«Recordemos que o ateísmo e a negação da pessoa humana, de sua liberdade e de seus direitos, estão no centro da concepção marxista. Esta contém pois enganos que ameaçam diretamente as verdades da fé sobre o destino eterno das pessoas. Ainda mais, querer integrar na teologia uma ‘análise’ cujos critérios de interpretação dependem desta concepção atéia é encerrar-se em ruinosas contradições. O desconhecimento da natureza espiritual da pessoa conduz a subordiná-la totalmente à coletividade e, portanto, a negar os princípios de uma vida social e política de acordo com a dignidade humana».

«Esta concepção totalizante impõe sua lógica e arrasta as ‘teologias da libertação’ a aceitar um conjunto de posições incompatíveis com a visão cristã do homem. Em efeito, o núcleo ideológico, tirado do marxismo, ao qual faz referência, exerce a função de um princípio determinante. Esta função lhe deu em virtude da qualificação de científico, quer dizer, de necessariamente verdadeiro, que lhe atribuiu».

«As «teologias da libertação», que têm o mérito de ter valorizado os grandes textos dos Profetas e do Evangelho sobre a defesa dos pobres, conduzem a um amalgama ruinosa entre o pobre da Escritura e o proletariado de Marx . Por isso o sentido cristão do pobre se perverte e o combate pelos direitos dos pobres se transforma em combate de classe na perspectiva ideológica da luta de classes. A Igreja dos pobres significa assim uma Igreja de classe, que tomou consciência das necessidades da luta revolucionária como etapa para a libertação e que celebra esta libertação em sua liturgia». (Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação LIBERTATIS NUNTIUS. Agosto de 1984.)