Encerrando a série sobre o Decálogo, o Décimo Mandamento ordena: “Não cobiçar as coisas alheias”. Este proíbe ao cristão a cobiça dos bens alheios, sentimento que é a raiz do roubo e da fraude. Assim, ele proíbe avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos. Proíbe também o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais.
O cristão deve aprender a distinguir as ambições razoáveis dos desejos insensatos e injustos, adquirindo uma atitude interior de respeito pelos bens alheios. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, ao desejarmos obter bens semelhantes aos de nossos próximos, não violaremos esse mandamento, contando que os obtenhamos por meios justos.
A confiança em Deus, acima de todas as coisas, foi pedida por Jesus aos Seus discípulos, isso para que estes tivessem um coração livre, pobre, desprendido das riquezas, isso é o princípio do espírito da pobreza evangélica, pois é o abandono à providência de Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, prepara-nos para a bem-aventurança dos «pobres em espírito, porque deles é já o Reino dos céus» (Mt 5, 3).
Portanto, o desprendimento total do homem dos bens materiais, manifestado principalmente nas prescrições indicadas por esse mandamento, vem ao encontro do seu desejo final, que é ver a Deus. Muitas vezes, o vazio interior é causado pelo amor desmedido às coisas, roubando, assim, do Senhor a possibilidade de ocupar inteiramente o coração humano.
Somente por intermédio de uma vida justa e honesta, o grito interior presente em todo homem: “Quero ver a Deus!” será realizado, pois, a verdadeira e perfeita felicidade se concretiza na visão e na bem-aventurança d’Aquele que nos criou por amor e nos atrai a Si no Seu infinito amor.