Os melquitas são assim chamados porque, desde o aumento das tensões entre o Ocidente e o Oriente, se mantiveram litúrgica, teológica e espiritualmente vinculados à ortodoxia da fé segundo a Tradição Oriental, sem jamais deixar o vínculo com o Bispo de Roma, o Papa. Por esta razão, o mundo árabe, de maioria islâmica, sempre se referiu ao Papa como chefe dos melquitas. No Oriente, portanto, quando se fala apenas católico, sem se referir ao rito, se pensa nos melquitas, assim como no Ocidente, quando se fala de católicos, se pensa nos latinos, embora a Igreja Católica Apostólica possua vinte e um ritos em perfeita comunhão com o Pontífice Romano.
Então, se cabe alguma dimensão de ortodoxia em nosso cerne é no sentido de conservar os elementos fundamentais da Verdadeira Fé e da Reta Doutrina (orto=reta, doxa=doutrina). Não obstante, na conservação dessa ortodoxia conseguimos também acompanhar, na história, junto com o Papa e com a tradição ocidental, outros dogmas que os nossos irmãos separados das Igrejas Ortodoxas, “assustados”, por assim dizer, com a grande chaga que foi o Cisma de 1054, não conseguiram. Um exemplo bem evidente disso é o do dogma da infalibilidade papal, que nós conseguimos assimilar como mistério que responde às necessidades da Sé de Pedro em defender-se contra os erros propalados por aquilo que denominamos Paradigma da Modernidade. De fato, os erros deste paradigma do conhecimento atingiram de cheio a cultura do Ocidente.
Por isso, vemos na intenção pré-conciliar do Vaticano II, o desejo da Igreja em reatar as duas grandes tradições que o Cristianismo construiu no curso do tempo, ou seja, uma tradição inculturada no Ocidente, e outra no Oriente. Embora o Concílio não tenha conseguido atingir à meta sonhada por João XXIII que, quando Núncio Apostólico no Oriente, despertou para a riqueza da Tradição Oriental, é nítido o empenho de seus sucessores para realizar este intento santo. Daí a razão de todos os Santos Padres, que sucederam ao Papa João XXIII, em usar a idéia dos dois pulmões, insistindo que a Igreja precisa voltar a respirar com ambos os pulmões: o pulmão do Ocidente e o pulmão do Oriente.