Confissão

O padre pode contar os pecados para outras pessoas?

Quando falamos em confissão, muitos fiéis carregam no coração uma dúvida: “O padre não vai contar os meus pecados para outras pessoas?”.

Foto ilustrativa: BanksPhotos by Getty Images

O sacramento da reconciliação promove a experiência com o amor Misericordioso do Pai

Dentre os Sacramentos da Igreja, dois recebem o título de sacramentos de cura; são eles: Sacramento da Penitência e o da Unção dos Enfermos. Sobre a Penitência nós a conhecemos por diferentes nomes e cada um tem o seu significado próprio:

1. Sacramento da conversão: realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão.

2. Sacramento da penitência: consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador.

3. Sacramento de confissão: porque a confissão dos pecados diante do presbítero é elemento essencial deste sacramento.

4. Sacramento da reconciliação: concede ao pecador o amor de Deus que reconcilia. O penitente faz a experiência do amor misericordioso do Pai.

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Quando falamos em confissão, muitos fiéis carregam no coração – o medo. E, não raro, há aqueles que se perguntam: “O padre não irá contar os meus pecados para outras pessoas?”. Sobre essa questão, os documentos da Igreja afirmam o caráter inviolável do segredo da confissão. O presbítero que acolhe o penitente ouve os pecados desse, administra-lhe a absolvição sob o sigilo sacramental, isso significa que: aqueles pecados ouvidos não serão revelados em hipótese nenhuma.

O que os documentos da Igreja afirmam sobre o sigilo sacramental?

“O sigilo sacramental é inviolável; por isso é absolutamente ilícito ao confessor, de alguma forma, trair o penitente por palavras ou de qualquer outro modo e por qualquer que seja a causa.

Tem a obrigação de guardar segredo também o intérprete, se houver, e todos aqueles a quem, por qualquer motivo, tenha chegado o conhecimento de pecados por meio da confissão” (Código de Direito Canônico, 893).

“Dada a delicadeza e a grandeza desse ministério e o respeito devido às pessoas, a Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes. Este segredo, que não admite exceções, é chamado ‘sigilo sacramental’, porque aquilo que o penitente manifestou ao sacerdote fica ‘selado’ pelo sacramento” (Catecismo da Igreja Católica, 1476).

Quando acontece a violação do sigilo sacramental?

O termo “sigilo” vem do latim sigillum, selo, lacre. Uma vez ouvida a confissão dos pecados, o presbítero sela com seu silêncio aquilo que foi ouvido. Não poderá jamais revelar para outrem o segredo dos pecados apontados pelo penitente. Esse sigilo sacramental é tão sério, que o Código de Direito Canônico assim expressa no Cânon 1388:

“O confessor que viola diretamente o sigilo sacramental incorre em excomunhão latae sententiae reservada à Sé apostólica; quem o faz ser punido conforme a gravidade do delito”.

A violação do sigilo sacramental é direta quando se revela o pecado ouvido em confissão e a pessoa do penitente, quer indicando o nome, quer ainda manifestando pormenores que qualquer pessoa pode deduzir de quem se trata. É indireta quando não se revela tão claramente a pessoa do penitente, mas o modo de agir ou de falar do confessor é tal que origina o perigo de que alguém a conheça. 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.