É com muita alegria que apresentamos a você este texto sobre a misericórdia divina na Sagrada Escritura. Sabemos que a vida pode ser difícil e, muitas vezes, nos sentimos perdidos ou desanimados, mas queremos lembrá-lo(a) de que Deus é um Pai amoroso e misericordioso, sempre pronto para nos acolher em seus braços.
Aqui, você encontrará diversas citações bíblicas que falam sobre a misericórdia de Deus e como ela pode transformar a nossa vida. Além disso, apresentamos uma definição de Santo Tomás de Aquino sobre essa perfeição divina, que pode nos ajudar a compreender melhor o amor incondicional do Pai por nós. Esperamos que este material possa tocar seu coração e renovar a sua esperança em Deus.
“Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me’. Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos, tenho sempre sob os olhos tuas muralhas” (Isaías 49, 14-16).
A misericórdia de Deus é eterna
A Sagrada Escritura está repleta de menções à misericórdia divina. Nela, encontram-se mais de 400 citações pondo em relevo a o Salmo 135 tem aquela frase bendita como um refrão: “Porque eterna é a sua misericórdia”.
Definição de misericórdia por Santo Tomás de Aquino: “A misericórdia divina é a eterna perfeição do Criador, Redentor e Santificador em Seu relacionamento com as criaturas, e especialmente com os homens, pela qual Deus retira as criaturas da miséria e completa as suas falhas” (Sth, I, q. 21, a. 3,c)” (p. 27).
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O relacionamento com Deus
A misericórdia é uma doação de alguém que está em condição superior em relação ao inferior removendo as falhas do ser inferior. Assim, não existe misericórdia para com um ser superior. Pois, na relação com um ser superior, a perfeição não pode consistir na remoção de suas falhas, mas na união com ele para o crescimento próprio (no caso da relação com Deus, numa união de amor).
Por exemplo: não convém que um iniciante no aprendizado de piano queira ensinar a um experiente professor, a um maestro, pois espera-se que o aluno viva a perfeição ao buscar crescer e assemelhar-se ao mestre. Por outro lado, o professor tem uma relação de inclinação para a remoção das falhas daquele aluno que lhe é inferior. Comparativamente, é assim que nos relacionamos com Deus: a essência de nossa perfeição consiste em nos aproximarmos d’Ele pelo amor, enquanto Ele, pelo seu amor, se inclina sobre nós com sua misericórdia para nos corrigir, para nos curar de nossa miséria.
Não existe, assim, misericórdia entre as pessoas da Santíssima Trindade. Ou, usando o nosso exemplo sobre o piano, se temos dois pianistas exatamente iguais, não existiria “misericórdia” entre eles, nem anseio de perfeição, de crescimento, de um deles para com o outro.
Qual é a origem da Misericórdia Divina?
A origem da misericórdia divina coincide com a finalidade de nossa criação: o amor de Deus que nos quis fazer filhos seus no Seu Filho Jesus Cristo. Deus quis nos elevar de nossa miserável condição humana, e mais miserável ainda a condição humana decaída no pecado para a participação de sua vida divina por Jesus Cristo.
Assim está escrito no texto de Efésios 1,5-6: “Ele (Deus e Pai) nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado”. Isso é graça! E nenhum de nós merece a graça de ser filho de Deus. Nenhum de nós mereceu que Jesus morresse por nós na Cruz. “Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo — pela graça fostes salvos!” (Ef 2,4-5).
Portanto, a origem da Misericórdia Divina está no amor de Deus que nos criou para Si e que quer nos salvar de tudo o que é indigno de um filho de Deus. O pecado é indigno de um filho de Deus. Por isso, se nós estamos vivendo de forma indigna de um filho de Deus, saiamos dessa condição. Deus não nos fez para ser escravo da pornografia, da mentira, da avareza, da vaidade, da preguiça, da maledicência, do adultério, do ódio… Deus nos criou para nos fazer “participantes da sua natureza divina” (2Pd 1,4) como filhos de Deus. Isso é obra da sua infinita Misericórdia.
Padre Alexssandro Lima- Comunidade Canção Nova