Amor incondicional

Uma jornada de amor e fé: cuidando da minha mãe com demência senil

Onde a memória se apaga, o amor permanece aceso

Meu nome é Cláudia Veloso, sou missionária da Canção Nova e a experiência de cuidar da minha mãe, portadora de demência senil, tem sido uma profunda jornada de aprendizado, amor e fé. Há 15 anos, deixei Fortaleza para viver em Cachoeira Paulista, em uma casa que minha mãe carinhosamente construiu para mim. Naquela época, ela morava no Rio de Janeiro e ainda era independente, mas com o tempo, a idade avançou e a necessidade de cuidados se tornou cada vez mais evidente.

No início, as visitas eram frequentes, buscando suprir a solidão que ela sentia à noite. Mas, durante uma dessas viagens, observei que minha mãe não estava tomando sua medicação corretamente. Aquele episódio me fez perceber que ela precisava de atenção constante e, com o apoio da família, decidi trazê-la para viver comigo em Cachoeira Paulista.

Uma lição de humildade: encontrando Deus no cuidado com idosos

Passados alguns anos, os esquecimentos se tornaram mais acentuados, e o diagnóstico do neurologista confirmou a demência senil. Diante da notícia, um misto de tristeza e apreensão tomou conta de mim. O médico explicou que, apesar da perda de parte da função cerebral, minha mãe ainda possuía uma “reserva de capacidade” que poderíamos estimular. Buscando direcionamento, recorri à oração.

Em meio às minhas súplicas, a inspiração divina me tocou: por que não fazer ditados com ela? Minha mãe havia sido professora de português e, talvez, essa atividade pudesse despertar memórias adormecidas. A ideia foi acolhida com entusiasmo pela família, e logo iniciamos as sessões de ditado. Para nossa alegria, os resultados foram surpreendentes! Ela se recordava de regras gramaticais, pontuação, acentuação e até mesmo de detalhes de sua vida que pareciam perdidos para sempre.

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Cuidar com compaixão é um ato de amor ao próximo e a Deus

Ao longo desses nove anos cuidando dela, aprendi que a paciência e o amor são pilares fundamentais. Compreendi que a demência senil é uma doença que exige adaptação e compreensão. Em vez de lutar contra suas limitações, aprendi a entrar em seu mundo, a interpretar suas falas e a valorizar cada gesto de carinho.

Hoje, vejo em minha mãe a presença de Jesus. Cuidar dela se tornou um ato de amor e devoção a Deus. É uma missão desafiadora, mas que me enche de alegria e gratidão. A cada dia, aprendo a ser mais paciente, compassiva e a enxergar a beleza da vida em sua forma mais frágil.

Deus presente nos desafios

Meu conselho para aqueles que se encontram em situação semelhante é: abram seus corações para o amor. Cuidar de um idoso pode ser exigente, mas é uma dádiva. É uma oportunidade de retribuir o amor recebido, de fortalecer a fé e de vivenciar uma profunda experiência de doação. Lembrem-se: Deus está presente nesse processo, guiando seus passos e concedendo a força necessária para seguir adiante.