Consumo, correria, barulho. As coisas parecem fora de ordem…
O novo “Espírito Natalino” é uma verdadeira salada de convenções materialistas, onde as pessoas buscam se satisfazer consigo mesmas, enquanto o verdadeiro sentido natalino se torna uma memória distante. Portanto, nunca é tarde para lembrar o que é verdadeiro, mesmo em um cenário que não facilite o resgate dessa memória um tanto nostálgica.
A aparência de festa ilude: muitos vivem uma corrida maluca abastecida por consumo, barulho e caos, e o resultado é o deslocamento, afastando as pessoas de seus lares, justamente no momento em que deveriam estar presentes.

Crédito: SanyaSM / GettyImages
Essa agitação externa cria uma espécie de exílio dentro de si. No fundo, essa correria nada mais é do que uma tentativa falha de preencher um vazio que não será preenchido da maneira esperada.
É nesse cenário de desencontro que o contraste com a manjedoura se torna necessário
A essência natalina parte de um paradoxo interessante: as pessoas celebram, em seus lares, o nascimento de alguém que não teve um lar. O mundo moderno apresenta um paradoxo desanimador: todos se desabrigam movidos por esse caos do comércio e do consumo. Onde havia uma experiência concreta de recolhimento e amor, dá-se lugar à dispersão e à perda do valor natalino. O Natal é família, é reunião e afeto.
O “Espírito Natalino” é um espírito infantil. As famílias não deveriam se submeter ao entretenimento pronto, como partidas esportivas ou programas de televisão, mas deveriam criar o seu próprio entretenimento, inventar seus jogos e histórias. O Natal é familiar e doméstico. Este é um convite para que todos busquem a verdadeira essência desse “Espírito”, que se encontra mais próxima do que parece.
A celebração natalina só é completa quando é feita de acordo com a sua essência. Mesmo com o mundo indo na contramão, apresentando uma ideia distorcida sobre o que é o Natal, ainda temos um significado mais profundo, mesmo que ele esteja escondido.
Nosso Senhor se fez menino e se colocou em uma família, e aí está a forma ideal de viver este dia: encontrando Jesus em meio à sua família. O segredo é simples: o Natal está mais próximo do que pensamos e, quando nos aproximamos verdadeiramente, o simples se torna extraordinário.
Na família está o valor que o mundo suprimiu
Assim, resistir ao falso “Espírito Natalino” não exige grandes gestos, mas pequenas escolhas: desacelerar, silenciar o excesso, permanecer. Permanecer em casa, permanecer com os seus, permanecer atento ao que realmente importa. O Natal não se encontra nas vitrines iluminadas nem no ruído das ruas cheias, mas na mesa simples, na conversa demorada, no riso das crianças.
Celebrar o Natal como ele verdadeiramente é significa permitir que essa essência reencontre os lares, primeiro em nossas casas, depois em nossos corações.
Matheus Eleutério – Jornalista



