Um alternativa para dilemas modernos

Na família, recordamos nossa identidade coletiva e particular

Encontrar uma identidade particular e coletiva é um desafio no mundo moderno, mas há um caminho

A modernidade insiste em vender uma caricatura falsa do mundo e, de fato, é um fenômeno que conta com ferramentas eficazes para cultivar o pessimismo exagerado no coração de qualquer um.

A velocidade que a modernidade imprime às vidas faz com que não percebamos o valor presente nas coisas pitorescas da vida; e, se não é possível absorver o que há de bom no singelo, o que é grande criará uma sombra substancialmente ilusória. Mas há o que permanece sem influência maliciosa, mesmo com todo o barulho que é feito do lado de fora: a família.

O Estado derruba e levanta instituições a todo momento, mas aí está uma instituição que é irretocável, pois não foi fundada pelo Estado. Família é fuga do mundo, é encontro com o que há de verdadeiro, uma experiência completa de realidade.

O caminho para achar a identidade em meio à confusão moderna

Lembrar de si, contudo, pode ser uma tarefa arriscada para aquele que está distante da realidade, e como tarefa coletiva, esta pode ser igualmente prejudicial.

O caminho certo está sempre perdido em meio a tanto do que há de ruim, e assim se perde a identidade da humanidade. O próximo passo parece óbvio: achar um caminho para reencontrá-la. Somos Filhos de Deus, e isso é o que é verdadeiro. Se não nos definirmos por isso, nos definiremos por coisas menores.

Não são os empregos, as coisas que consumimos nem nosso desespero que nos definem, mas sim a identidade de Filhos de Deus. É através de uma família que encontramos o que é real, mesmo que estivesse perdido. É quando a humanidade se esquece de quem é que Deus responde da forma mais simples: entrando numa família.

A família é a base da identidade humana

Deus se faz menino através de uma família, de um pai e de uma mãe. Ali, Ele se encarnou numa doce recordação: somos Filhos de Deus e estamos confirmados nessa linhagem sagrada.

A família é este lugar onde podemos retornar para lembrar a nossa identidade, mas não somente a particular; a nossa identidade coletiva também salta do esquecimento quando olhamos para o nascimento de Jesus.

A Sagrada Família se reúne em torno da manjedoura para receber o Menino Jesus e nos convida a encontrar quem nós somos como indivíduos e também como humanidade.

O nascimento de Jesus é a volta para casa, é lembrar que a nossa humanidade tem um lugar para o qual voltar, e juntos todos celebramos a encarnação do Verbo debaixo dessa imensidade que se fez aquele telhado que abrigou a Sagrada Família.

A encarnação do Verbo é um mistério de tamanho imensurável, ainda assim o universo se fez pequeno a ponto de ser possível que uma família o abraçasse.

Passamos o ano inteiro perdidos em preocupações adultas que nos fazem sentir como estranhos uns para os outros. Ao olharmos para a manjedoura, percebemos que somos todos parte da mesma linhagem sagrada e que a nossa verdadeira natureza é familiar.

A humanidade é uma família muito antiga que se esqueceu do seu próprio nome. A modernidade nos chama a correr e esquecer. O nascimento de Cristo nos chama a parar e lembrar. Na família, nós lembramos quem somos.

Matheus Eleutério – Jornalista