Freqüentemente, chocamo-nos com notícias de atos violentos praticados por adolescentes e jovens que demonstram uma agressividade aparentemente gratuita e relacionada a ações de gangues, assassinos de mendigos, homicidas de grupos étnicos, estupradores e agressores intrafamiliar.
Esse excesso de hostilidade pode remontar-nos a um passado não muito distante, tendo origem na infância, principalmente na idade pré-escolar. Pesquisas revelam que a agressividade manifestada nessa idade, infelizmente, evolui para um comportamento violento e delinqüente na juventude.
Muitos pais e parentes tentam minimizar o comportamento agressivo infantil rotulando como travessuras ou excesso de energia a atitude dos jovens, perdendo a oportunidade de realizar um trabalho preventivo.
Mas afinal, qual a origem da agressividade infantil? Vamos considerar dois aspectos: a pessoa e o ambiente.
Observa-se que crianças agressivas possuem baixa capacidade de controle de impulsos e precocemente apresentam traços difíceis na personalidade. Elas possuem condutas mais ativas, intensas, irritáveis e variáveis, dificultando a relação com quem cuida delas, especialmente com a mãe que acaba explodindo com a criança. Isso gera estresse em ambas as partes, o que leva a mãe a evitar o contato com o filho, tachando-o como problemático. Essa dinâmica implica numa interação deficiente, facilitando o desenvolvimento de condutas agressivas. O problema agrava-se quando esta criança “problemática” é comparada com irmãos e primos tidos como “bonzinhos”.
Quanto ao ambiente, pesquisas demonstram que os principais fatores de risco residem na forma de interação da família de origem e de ambientes sociais próximos. Entre eles, podemos citar a discórdia conjugal, existência de doenças mentais na família e a rejeição de colegas. Fatos estes que geram um profundo sentimento de desamparo, típico da nossa modernidade cultural, na qual a descrença generalizada nos valores tradicionais, como a família, a Igreja, a escola, levam a uma intensa busca de prazer pessoal e de individualismo, em detrimento dos valores morais, éticos e cristãos.
Neste meio em que há um enfraquecimento da estrutura familiar decorrente da dissolução da família, da confusão e falência da função paterna e materna, da valorização do ter em detrimento do ser, das inabilidades sociais e das condutas permissivas e agressivas dos pais, é difícil conceber, gerar e criar filhos que não se enveredam pelo caminho da marginalidade e da delinqüência.
Num lar em ruínas, atitudes e comportamentos desajustados passam despercebidos e a violência entra pela tela da TV; o álcool, as drogas e a promiscuidade pela porta da frente.
O que fazer diante desta realidade cruel? Abrir os olhos, prevenir-se e não deixar a “casa cair”.
Sabe-se que a harmonia familiar atua como fator de proteção e segurança necessários ao desenvolvimento confortável da criança, contribuindo para uma melhor adaptação emocional e favorecendo condutas sociais sadias. Estudos afirmam que onde pais promovem a coesão familiar e as mães são menos críticas, as crianças são menos problemáticas. Quando os pais se dão aos filhos, não perdendo tempo, ganham felicidade.
Que possamos, desde muito cedo, semear nos corações de nossos filhos a paz, a concórdia, o respeito, o amor.