Provação ou tentação
A provação e a tentação fazem parte da vida de qualquer pessoa, elas tomando consciência do que as aflige ou não. Contudo, o cristão pode tirar proveito dos fatos que acontecem com ele. E quando digo proveito, significa ter sabedoria para lidar com as divergências e crescer com a prova.
Jesus também foi posto à prova de várias formas quando esteve no deserto, e Ele soube utilizar da própria Palavra de Deus para se defender. Lemos, no Evangelho de Mateus 4,1-11, o momento em que o Senhor foi tentado, pela primeira vez, no deserto, pois já havia dias que Jesus não comia e estava com fome. Contudo, Jesus alerta que nem só de pão vive o homem, mas da palavra que sai da boca de Deus. Depois, Ele foi provado na Sua confiança em Deus, mas Jesus não põe à prova o Senhor Deus. Por fim, o diabo oferece os reinos e as riquezas do mundo para que Jesus o adore, mas Ele responde que o único que deve ser adorado é Deus. Assim, com a Palavra de Deus, Jesus vence a tentação e as provas.
A Igreja nos ensina que, na provação, não só podemos tirar proveito dela, como ela é necessária para o crescimento do homem interior. Podemos entender isso como o crescimento em santidade. A virtude é comprovada nos momentos adversos, nas várias situações que exigem de nós o testemunho cristão. Os mártires só se tornaram mártires, porque foi exigido deles respostas evangélicas nas ocasiões de provação.
Inúmeros são os textos bíblicos que trazem narrativas de provações e tentações! Em algumas narrativas, os personagens se deixaram abater; já em outras, foram fortes e mantiveram-se fiéis a Deus. É importante entendermos qual a diferença entre provação e tentação, para isso o Catecismo da Igreja Católica nos ensina no n° 2847:
“O Espírito Santo nos faz discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista de uma ‘virtude comprovada’, e a tentação, que leva ao pecado e à morte”.
As convicções de Jesus
Jesus foi o exemplo de homem que suportou todas as tentações e superou as provas, fortalecendo assim o espírito. As tentações chegam quando nos encontramos desolados, fragilizados e propícios para cairmos. Nos momentos em que Jesus foi provado ele não sucumbiu porque Ele sabia que o Pai amoroso estava com ele. A experiência do amor do Pai faz com que suportemos e superemos a provas.
Pare um pouco e reflita: todas as vezes que você sucumbiu à tentação, foi ou não foi porque não quis depender do Pai do céu? As vezes que você quis lutar com as suas forças, acabou perdendo. Meu caro, isso aconteceu, porque você não tinha experimentado o amor do Pai verdadeiramente. Abandone-se ao amor de Deus, seja testemunha d’Ele, que você sairá vencedor nas provações e tentações.
Jesus abandonou-se totalmente à vontade de Deus. Nas situações extremas, Cristo confiou n’Aquele que Ele sabe que viria em seu socorro. Jesus estava desolado no monte das Oliveiras e sofria a Sua agonia, contudo, Ele deixou aos Seus discípulos a ordem para que eles orassem, para que não caíssem em tentação. O segredo está na oração, pois, ao mesmo tempo em que ela torna fecundo o teu relacionamento com Deus, ela gera em você o abandono.
A confiança no amor do Senhor Deus é antídoto para superar o desejo de desistir. “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua!” (cf. Lc 22,42). Não tenha medo de entregar-se totalmente aos cuidados do Senhor, pois a Sua vontade é melhor do que a nossa.
A relação da prova com os medos
As provas estão diretamente relacionadas ao que nos causa medo, às nossas inseguranças e o que está fora do nosso domínio. O nosso dia a dia, o trabalho, as atividades e até mesmo as relações exigem que tenhamos segurança, que saibamos o que estamos fazendo. E por conta dessa necessidade de segurança, não somos treinados a confiar uns nos outros e, de certa forma, isso afeta o nosso relacionamento com Deus. Perdemos a confiança no Senhor, porque não praticamos o abandono. Sempre que precisamos confiar tememos, e muitas vezes optamos por não fazer, ou não fazemos verdadeiramente.
A verdade é que temos medo de sermos desapontados e desapontar, de errarmos e de errarem conosco, de sermos enganados e traídos. Porém, o convite, a partir de agora, é colocarmos a nossa confiança no Senhor, pois Ele não nos decepciona. O salmista nos ajuda a entender isso quando em meio às ameaças de morte escreve:
“Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?” (cf. Sl 56,3-4). É Deus que está a teu favor, meu irmão. Não tenha insegurança no único que realmente pode te dar a segurança de que você precisa.
A virtude da Fortaleza
Não cair em tentação envolve a decisão do coração. E para que essa escolha seja por vencer a tribulação e não sucumbir, você precisa cultivar a virtude da Fortaleza. O Catecismo da Igreja n° 1808 afirma que essa virtude moral dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. E ainda firma a decisão de resistir às tentações e vencer as dificuldades.
Meu caro, a prova fortalece a virtude e a virtude leva o homem à vontade de Deus, que é a felicidade com Ele. Não tenha medo, enfrente às provas da vida com a confiança de quem tem um Deus que ama sem medidas, que troca reinos por você. Aproveite os momentos difíceis e cresça na intimidade com o Senhor estreitando os laços com Ele.
Deus deseja que você se abandone no amor d’Ele. E que você tenha a coragem de vencer todas as tentações até o fim.