A oração é atitude própria e necessária de todo o cristão. Então, acredito que todos nós, em algum momento, já tenha feito a si mesmo estas perguntas: “Será que eu sei rezar?; Como eu rezo?; O que é a oração?”. Se você já se fez essas perguntas, não pense que está errado ou que isso é um problema. Pois, vejo, por trás desses questionamentos, alguém preocupado com a vida espiritual e com o relacionamento com Deus.
Digo isso partindo do mesmo apelo feito a Jesus, por um de seus discípulos, quando esse viu que o próprio Senhor tinha saído para orar em um determinado lugar. O discípulo perguntou ao Senhor: “Senhor, ensina-nos a orar, como, também, João ensinou aos seus discípulos” (Cf. Lc 11,1).
Questionar a maneira como se vive é um passo importante para quem deseja continuar crescendo no caminho cristão de santidade. Mais importante ainda, é fazer perguntas indispensáveis, assim como saber onde buscar as respostas para a própria vida. A tradição cristã, com seus vários anos e muitas correntes de espiritualidade, trouxeram definições sobre o que é a oração. Contudo, quero trazer para você a definição de que: a oração é um encontro íntimo com Deus.
O que é a oração?
Tratar a oração como encontro é ter a certeza de ir encontrar-se com Aquele que, antes de nós irmos até Ele, já estava ansioso por nos encontrar. É, antes de tudo, uma oração de saída. Então, podemos dizer que, o encontro da sede do teu coração com a sede do coração de Deus é a necessidade de ambos.
Na passagem em que a samaritana se depara com um homem que mudou a sua vida, perceba que momento mais belo de oração e de realização de dois corações que se desejavam. “Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria buscar água. Jesus lhe disse: ‘Dá-me de beber!’ […] A samaritana disse a Jesus: ‘Como é que Tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?’” (Cf. Jo 4,6-9).
Pronto! Aconteceu a partir desse fato uma transformação na vida dessa mulher. Nada mais permaneceu da mesma forma. Ambos os corações desejavam a mesma coisa, saciar a sede. Não pensemos que a necessidade vital naquele momento era de água, porque se continuarmos a leitura, o texto bíblico não traz que nenhum dos dois beberam a água.
A sede daquela mulher era sede Deus e de Deus daquele coração machucado. Esse encontro foi oração na vida da samaritana. E, desde esse momento, ela já sabia como saciar a sua carência que acabou buscando nos cinco maridos que teve. Somente Deus sacia!
Entra no teu quarto e fecha a porta
Para Deus, o mais importante não é o lugar, mas a disposição do seu coração. Meu irmão, a oração vai muito mais do que as palavras ditas, o lugar em que você se encontra, a situação que esteja vivendo ou as realidades externas a você. Claro que, essas condições podem ser matéria para a sua oração ou de alguma forma atuar na sua oração. Contudo, é na tua intimidade que Deus quer agir, é no teu secreto que Ele quer revelar segredos ao teu coração.
No mesmo contexto, onde Jesus ensina os seus discípulos a orar, porém, agora, no Evangelho de Mt 6,6, o Senhor exorta: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a Pai que está no escondido. E teu Pai que vê no escondido, te dará a recompensa”. Com essa passagem, Jesus ensina que, para que esse momento de oração aconteça, é preciso que você se coloque em estado de oração; ponha-se em estado de intimidade.
Ninguém precisa saber ou ver você fazendo a tua oração, porque é encontro somente entre duas pessoas; é um momento entre ti e Deus. Entre no silêncio, no escondido do teu coração e, lá, encontre Deus. Faça do teu íntimo o teu lugar secreto.
Eu te procurava fora e Tu estavas dentro
Santo Agostinho foi um homem que, por muitos anos, de diversas formas e nos mais variados lugares procurou saciar a sede. Sede essa que nem mesmo ele sabia de qual se tratava. Um jovem inteligente e cheio de dons naturais, mas alguém que sempre procurou fora o que só poderia encontrar dentro dele, no seu coração. E, esse foi o verdadeiro encontro que o santo teve, o encontro com a verdade que estava no “mais íntimo do seu íntimo”, como consta nos seus escritos.
A oração lança-nos para as realidades espirituais, divinas que estão além de nós mesmos. A exemplo de Agostinho, tantos outros santos que, após as experiências de pecado e de vida entregue aos mais variados prazeres, se converteram. Isso, porque, perceberam que, no mais íntimo, essa entrega aos prazeres da carne expressavam
o desejo de um encontro com a verdade; e o anseio de saciar a secura da própria alma. Secura essa que só Deus pode saciar, como disse Santa Teresa D’ávila: “Só Deus basta!”.
Então, meu caro amigo, lance-se na oração, lance teu olhar em direção ao olhar atento do Senhor. Ele deseja te encontrar e fazer morada no teu coração. “Suba” ao mais alto monte (interior) que possa existir para, assim, proporcionar esse encontro ao seu próprio coração. Pois, ali Deus habita e, a oração, é o refúgio dos santos.