Todos os anos, a Igreja vive a Festa da Misericórdia. Mas qual é o sentido desta celebração? Bem, ela está ligada intimamente com a Páscoa do Senhor, quer dizer, com o Mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição, pois é celebrada no segundo domingo da Páscoa, encerrando a Oitava de Pascal. Tudo o que Deus fez para nos salvar é manifestação da sua infinita Misericórdia. E a Festa da Misericórdia proclama e recebe a Misericórdia Divina realizada na Páscoa.
Vejamos, próximo ao dia 22 de fevereiro de 1931, em uma noite, enquanto Santa Faustina Kowalska, uma freira polonesa, estava em sua cela, ela recebeu uma aparição de Jesus ressuscitado (Diário de Santa Faustina, n. 47). Ele surgiu para ela e disse que pintasse uma imagem de como ela O estava vendo. Cristo apareceu como o foi representado no quadro de Jesus Misericordioso. Mas, em seguida, disse-lhe que queria a Festa da Misericórdia. Jesus disse assim à Santa Faustina:
“Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, n. 49).
A instituição da Festa da Misericórdia pela Igreja Católica
Assim, a imagem de Jesus Misericordioso foi venerada por primeiro na capela do convento da Congregação de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, onde Santa Faustina era religiosa. Aos poucos, a devoção foi crescendo. Porém, passou por altos e baixos e, finalmente, São João Paulo II, no mesmo dia em canonizou Santa Faustina, no dia 30 de abril do ano 2000, instituiu para toda a Igreja a Festa da Misericórdia a ser celebrada no primeiro domingo depois da páscoa, assim como Jesus mandara a Santa Faustina.
Mas esta Festa tem um sentido. Após Jesus falar da Festa da Misericórdia, no número 49 do Diário de Santa Faustina, no número 50, Ele diz:
“Desejo que os sacerdotes anunciem essa Minha grande Misericórdia para com as almas pecadoras. Que o pecador não tenha medo de se aproximar de Mim. Queimam-Me as chamas da misericórdia; quero derramá-las sobre as almas.”
A importância da confissão para receber a infinita Misericórdia de Deus
O sentido, portanto, da Festa da Misericórdia é anunciar a grandeza da Sua Misericórdia, que é infinita, e fazer com que as chamas Misericordiosas de Jesus queimem-nos! Que essas chamas queimem os nossos pecados e nos inflamem do seu Amor.
É bem verdade que esse dia é enriquecido com indulgências plenárias para aqueles que se confessarem proximamente deste domingo da Misericórdia, comungarem, rezarem pelo Santo Padre e invocarem a Divina Misericórdia com alguma oração. Mas gostaria de ressaltar a importância recebermos a infinita Misericórdia de Deus por meio do Sacramento da Confissão.
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Perdão, reconciliação e restauração da comunhão com Deus e a Igreja
E não há meio melhor para esse perdão, para esse abraço entre Deus e o pecador do que no Sacramento da Confissão. Além disso, pelo Sacramento da Confissão, o penitente restaura a sua comunhão com a Igreja que, como membro dela desde o seu batismo, feriu com seu pecado. Neste sentido, ensina o número 1440 do Catecismo da Igreja Católica:
“O pecado é antes de tudo uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com ele. Ao mesmo tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e da Reconciliação.”
Todo fiel é obrigado a confessar todos os pecados graves, pois, sem arrependimento desses, chega-se à condenação eterna, pela sua negação intrínseca ao amor de Deus em que consiste o pecado grave. A Igreja, pela autoridade recebida de Cristo tem o poder das “Chaves” de ligar e desligar no céu o que ela liga e desliga na terra. Assim, “O que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). Portanto, os pecados desligados aqui na terra são desligados no céu e a comunhão que a Igreja liga na terra também é ligada nos céus.
A importância da confissão regular de pecados veniais
Uma última coisa a ser dita neste texto seria que não só os pecados graves podem ser confessados no Sacramento da confissão. Os pecados veniais também podem ser confessados. O número 1458 do Catecismo diz que:
“Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais frequentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele.”
Depois de tudo isso, seria louco de ficar de fora de uma festa que dá a nós o infinito amor misericordioso de Deus. Só podemos dizer: “Dai graças ao Senhor porque Ele é bom; eterna é a sua misericórdia!”.
Padre Alexsandro Freitas – Comunidade Canção Nova