Corpo e Sangue

Sangue do Bom Jesus, dado a nós na Eucaristia

Qual é o valor do corpo e sangue de Jesus?

A memória da Paixão de Jesus, que se faz cada vez que nos voltamos ao seu Preciosíssimo Sangue, está indissoluvelmente unida à Santíssima Eucaristia, ao Sangue Eucarístico do Senhor.

Muitas vezes, quando celebramos a Sagrada Eucaristia, temos bem presente a última Ceia do Senhor, o que está correto: esta Ceia foi a primeira de todas as celebrações eucarísticas. Mas a própria última Ceia de Jesus não se entende sem referência à Sua Paixão; ao mesmo tempo, a Ceia foi o modo mais eloquente com que Jesus expressou o sentido que Ele mesmo daria à morte, que iria sofrer no dia seguinte.

Sangue-do-Bom-Jesus,-dado-a-nós-na-EucaristiaFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Na noite em que ia ser entregue, celebrando com os apóstolos a última Ceia, o Bom Jesus “tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós'” (Lc 22,19). Também “pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes: ‘Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos’.” (Mc 14,23-24).

Sacrifício da Cruz

Nos sinais do pão e do vinho, Jesus entregou seu Corpo e Sangue, isto é, sua vida, entregou-se a si mesmo, antecipando o sacrifício da cruz. Sem ela, a Ceia seria um anúncio sem realização, uma promessa sem cumprimento.

Por outro lado, sem a Ceia, a Cruz correria o risco de não ser compreendida: quem poderia ver, na execução de um condenado, o sacrifício da nova e eterna aliança, se Aquele mesmo que foi morto não mostrasse como entendia a própria morte? “Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade” (Jo 10,18): mostrou-o na Ceia, antecipando a entrega que faria na cruz.

Nas Missas que celebramos, obedecendo à Palavra do Senhor – “fazei isso em memória de mim” –, também tomamos o pão e o cálice, recordando a morte e a ressurreição de Jesus; e no pão e no vinho consagrados, é oferecida a nós, como foi aos apóstolos naquela Ceia, a própria vida de Jesus, Ele mesmo, oculto no sinal do sacramento.

Espírito Santo

Tudo isso é possível pela força do Espírito Santo. “Impelido pelo Espírito Eterno, Cristo ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha” (Hb 9,14). Esse Espírito garante que o mistério da cruz e da Ressurreição, antecipado na Ceia e recordado em nossas Missas, não seja uma mera lembrança psicológica, mas contenha Aquile que simboliza.

Justamente por ser eterno, o Espírito Santo faz com que o sacrifício de Cristo, o próprio Jesus morto e ressuscitado, esteja sempre presente em todo o tempo, nos sinais do pão e do vinho que consagramos. Mais ainda, Espírito Eterno faz com que os homens e mulheres de todos os tempos, recebendo a comunhão, participem da graça e da bênção obtidas pela morte e ressurreição do Senhor.

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Em memória da Paixão

Nos dois sinais sacramentais, pão e vinho, estão presentes o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, pelo que basta a comunhão em apenas um deles para se receber Jesus inteiro. Também, já no sinal do pão, partido e dado, e, mais ainda, na própria existência de dois sinais, Corpo e Sangue, é expressa a morte do Senhor. Mas é no sinal do vinho que o simbolismo da Paixão aparece de modo mais marcante.

Do mesmo modo como o pão traz à memória a encarnação de Jesus (com razão a Santa Eucaristia é saudada no antigo hino: “Salve Corpo verdadeiro que da Virgem Mãe nascestes”), o vinho vermelho, “sangue da uva” (Dt 32,14), traz, quase que espontaneamente, a memória de Sua Paixão, de Seu Sangue derramado.

O fato da piedade eucarística voltar-se, quase que exclusivamente, ao sinal do Pão consagrado, empobreceu a compreensão que o nosso povo tem da Santíssima Eucaristia, onde o sinal do vinho é tão essencial quanto o sinal do pão.

Meditamos sobre o Sangue sagrado, que Ele derramou por nós. Ao mesmo tempo que adoramos esse Sangue Precioso no sacramento do altar, queremos crescer na compreensão deste Santíssimo Sacramento e na gratidão pelo dom infinito, que Ele fez de si mesmo por nós, no altar da cruz. Assim seja.

Artigo extraído do Devocionário ao Preciosíssimo Sangue de Jesus