🤔 Reflexão

O exemplo de São José: vocação ao serviço silencioso e fiel

A face divina do acolhimento

São José colocou-se inteiramente a serviço do plano de salvação. Aparentemente escondida ou em segundo plano, a vida de São José nos faz recordar que para o Senhor todos têm um protagonismo na história da salvação1

Créditos: cançãonova.com

Este santo homem tão querido pelo povo Deus, que somos todos nós, nos faz encontrar um lugar na vontade de Deus. Por vezes, o sentimento de “estar perdido” pode gerar em nós incertezas, desilusões e revoltas. Ao contemplar a história de São José, esses sentimentos dão lugar ao acolhimento.

São José, que traz em seus braços o Menino Deus, pode também nos acolher em seu colo dando forma à misericórdia divina. São José é a face divina do acolhimento, pois, ao acolher o Filho de Deus em seus “pequenos braços” como pai adotivo, é capaz de acolher cada um de nós como pai, intercessor e protetor.     

Chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, São José, mediante o serviço da sua paternidade, precisamente, cooperou no grande mistério da Redenção, tornando-se verdadeiramente ministro da salvação2. Todos, principalmente os pais, são participantes e cooperadores da missão dos seus.

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O ministério da salvação, exercido por São José à pessoa de Cristo, é também um dom ofertado a nós pelo Senhor para ajudarmos e sermos ajudados no cumprimento da missão e vontade de Deus aos que estão ao nosso lado. A exemplo de José, somos ministros da salvação. 

Cumpridor da vontade de Deus, pouco se falou nos evangelhos sobre José. Dele mesmo não se tem uma só palavra, mas por meio de quatro sonhos (Mt 1,20; 2,13.19.22)3, viu-se a prontidão em tomar para si os bens mais preciosos de nossa fé e partir para protegê-los. Ao fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou. Vale o questionamento: estou protegendo com todas as minhas forças o Menino Jesus e sua Mãe que estão sob os meus cuidados?     

Quando Jesus completou os doze anos, a Sagrada Família foi a Jerusalém para celebrar a Páscoa. Terminando as cerimônias, por desígnios da Divina Providência, São José partiu com a caravana dos homens, a Virgem Maria com as das mulheres, e Jesus permaneceu na cidade. Depois de um dia de viagem, perceberam a perda (cf. Lc 2,41-45). São José e a Virgem Maria passaram um dia à procura de Jesus, eles haviam perdido o Filho de Deus. Como podemos traduzir os sentimentos do coração de um pai que perde seu filho?

As dores que São José e Nossa Senhora sentiram naquele momento, segundo a revelação à mística Jeanne-Bénigne Gojoz, deram-se de tal forma que, sem o auxílio secreto do próprio Cristo, não poderiam sobreviver. No terceiro dia, semelhante a ressurreição, Jesus é encontrado (cf. Lc 2,46).  

A confiança inabalável de São José

A felicidade de José está na Divina Providência, nele nunca se nota frustração, mas sim a confiança. O silêncio persistente não inclui lamentações, mas sim certeza. Tanta foi a confiança e a certeza no plano de Deus, que renunciou à tentação de decidir a vida do filho.

São José abriu espaço para o inédito, cooperou com a missão de Cristo. Cada filho traz consigo um mistério, algo inédito que só pode ser revelado com a ajuda de um pai que respeite a sua liberdade. Todos precisamos da paternidade silenciosa e fiel de São José para compreendermos o mistério da vontade de Deus em nossa vida. 

José prestava a Deus o que lhe era devido pelo exercício constante das três virtudes teologais: caminhando sempre com a mais viva na presença de Deus; com firme e estável esperança aguardando o advento próximo do Messias, e com ardente caridade, amando desmedidamente a bondade soberana de Deus, esforçando-se ao máximo para torná-lo amado também pelos demais4.

Uma música antiga do Pe. Zezinho diz assim: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, viver como Jesus viveu”. Vale lembrar que o modelo de homem de Jesus foi São José. Jesus aprendeu a amar, a ter esperança e viver a fé, aqui na terra, com São José, o homem de todas as virtudes.

Em tudo, o Santo Patriarca se submeteu à vontade de Deus, em tudo serviu a Deus com fidelidade. A exemplo dele, nós também queremos servir e amar a Deus tendo-o como pai, protetor e intercessor. Peçamos a ele: 

“Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém!”5

Seu irmão,
Thiago Teodoro
Comunidade Canção Nova /
@thiagoteodorocn

Referências:
1  SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, Homilia in Matthaeum, V,3: PG 7,8.

  2 Cf. SÃO JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Redemptoris Custos sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja (15 de agosto de 1989).

 3 Cf. FRANCISCO, Papa. Patris corde: carta apostólica por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Universal.

 4  EDWAR H. THOPMSON. Vida e glórias de São José. Minha Biblioteca Católica, 2021.

FRANCISCO, Papa. Patris corde: carta apostólica por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Universal.