O ato de deixar é um processo muito doloroso para todos nós porque nos desestabiliza, desloca-nos e nos coloca em uma situação de insegurança, pois não sabemos em que terreno vamos pisar. O “deixar” gera em nós um medo de perder, de esquecer e de ser esquecido, embora a nossa vida seja um eterno deixar. Deixamos o ventre de nossa mãe, os amigos de escola, a vizinhança, a namorada, a nossa casa, o nosso bairro, a nossa cidade etc. É um sofrimento que toma conta da alma e que, diante das inseguranças, prefere, muitas vezes, acomodar-se ao invés de arriscar-se.
Chega um momento em que cada um de nós vê-se em um dilema: ou deixa ou não cresce; arrisca-se ou vai passar o resto da vida questionando-se sobre o que teria acontecido se tivesse tentado. É uma decisão difícil, mas que precisa ser tomada.
O que faz cada um de nós viver o “deixar” é a motivação, algo que nos estimula ao ponto de nos fazer superar o medo da insegurança e que nos faz pular ao encontro do desconhecido, do novo, do crescimento. Essa motivação pode ser uma namorada, um bom salário, a faculdade e até mesmo Deus.
Deus é o motivo de muitos jovens que trocam suas seguranças e lançam-se em uma vocação, uma vida missionária. Eles deixam a estabilidade de suas casas, a faculdade e a profissão para viver uma vida cuja única segurança e riqueza é e sempre será o Senhor.
Quando temos uma experiência concreta com o Senhor, somos capazes de deixar aquilo que é mais difícil por Ele: nós mesmos.
Essa é parte mais difícil: deixar-se. Abandonar nossas idéias, vontades, argumentos, nossa criação, costumes e desejos para lançar-se na vontade do Senhor.
Loucura? Talvez para os olhos daqueles que nunca viveram uma experiência com o amor de Deus, que nunca sentiram o peito queimar depois de comungar nem a sensação de não precisar de mais nada, a não ser do Senhor. Esse é um desafio para cada jovem que sente, no peito, a ânsia de entregar-se em uma vida consagrada.
E qual é a atitude que nós, jovens, temos quando somos desafiados? “Caímos dentro!”. O jovem vive de desafios, corre em direção a eles. Esse é o segredo: encarar a busca por santidade e o desejo de responder à vontade de Deus como um desafio. Desse jeito, nada nem ninguém poderá segurá-lo.
Foi o que aconteceu comigo. Vivi uma experiência com Deus que me fez encarar o meu chamado como um desafio. Deixei tudo casa, trabalho, namoro, amigos, família para ir ao encontro do Senhor. Não foi fácil deixar o que eu amava, porém posso lhe dizer que o desafio maior acontece a cada dia, isto é, deixar as minhas vontades e os meus desejos para querer o que Deus desejou desde toda a eternidade para mim.
Deus desafia cada um de nós a deixar nossas vontades, planos, desejos e principalmente nós mesmos, para tê-Lo como nosso único tesouro, nossa única riqueza, nosso único amor. Não é fácil, mas é possível e vale a pena!
Estamos juntos!
Seu irmão,