Esses dias estão sendo marcados em Roma pela celebração de diversos jubileus: jubileu dos seminaristas, jubileu dos sacerdotes, jubileu dos bispos. É significativo que, no «coração» do jubileu esteja a celebração desses jubileus que estão juntando milhares de homens que entregaram a sua vida a Deus junto de São Pedro.

Crédito: diego_cervo / GettyImages
Não é por acaso! Com efeito, o ministério ordenado tem a missão particular de ser presença e ação de Jesus na vida da Igreja. Por isso, colocar esses jubileus, neste momento, recorda a toda a Igreja a importância e a necessidade do sacramento da Ordem.
A presença de Deus na nossa vida é a fonte da verdadeira alegria
São significativas as palavras que o Papa Leão XIV dirigiu aos sacerdotes reunidos em Roma: «No coração do Ano Santo, juntos queremos dar testemunho de que é possível ser sacerdotes felizes, porque Cristo nos chamou, Cristo fez-nos seus amigos (cf. Jo 15,15); é uma graça que queremos acolher com gratidão e responsabilidade» (Discurso, 26/06/2025).
Jubileu tem a mesma raiz de «júbilo», que significa alegria. O Ano Santo é um ano de alegria, não porque nós construímos alguma coisa para esse fim, mas porque a presença de Deus, na nossa vida, é a fonte da verdadeira alegria.
Vivências na vida sacerdotal
Os sacerdotes têm a graça particular de acompanhar a vida toda da Igreja e de cada pessoa particular, do nascimento à morte. Quando pensamos na vida de um sacerdote ou de um bispo, podemos vislumbrar como é «humanamente» insuportável, porém, no mesmo dia, podemos partilhar a alegria de abençoar um casamento, batizar uma criança e estar junto da cama de um hospital a confortar, com os sacramentos, um moribundo ou elevar preces por um defunto num enterro.
O espectro de vivências na vida sacerdotal é imenso, porque o sacerdócio é, como dizia São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, o amor do Coração de Jesus. Como o Coração de Jesus acompanhou toda a sua vida e foi sinal do amor de Deus pela multidão, também cada um de nós, sacerdotes, é chamado a prolongar, na sua vida, este mistério da presença e ação de Cristo.
O jubileu, um convite para olhar para o dom do sacerdócio
Por tudo isso, esses jubileus são um convite a voltarmos a olhar para o dom do sacerdócio na vida da Igreja. Por um lado, os próprios sacerdotes são chamados a reconhecer que são escolhidos, chamados e enviados a ser presença do amor de Deus. Não estão em nome próprio, mas as suas palavras, os seus gestos e os seus pensamentos devem ser as palavras, os gestos e os pensamentos de Cristo.
Por outro lado, toda a Igreja é chamada a dar graças a Deus por todos esses homens que responderam e respondem, a cada dia, com toda a vida a esta eleição divina: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”(Hb 5,6)
Pe Ricardo Figueiredo, Português, Sacerdote da Igreja Católica
Doutor em Teologia Sistemática Pela Universidade Católica Portuguesa
Diretor do Departamento Comunicação Lisboa e Autor de vários livros