3. Amados jovens, sabeis bem como me preocupa a paz no mundo. A espiral da violência, o terrorismo e a guerra provoca, também nos nossos dias, ódio e morte. A paz sabemo-lo é antes de tudo um dom do Alto que devemos pedir com insistência e que, além disso, devemos construir entre todos mediante uma profunda conversão interior. Por isso, hoje desejo pedir-vos que sejais realizadores e artífices de paz. Respondei à violência cega e ao ódio desumano com o poder fascinante do amor.
Vencei a inimizade com a força do perdão. Mantende-vos longe de qualquer forma de nacionalismo exacerbado, de racismo e de intolerância. Testemunhai com a vossa vida que as ideias não se impõem, mas se propõem. Nunca vos deixeis desanimar pelo mal! Para isso tendes necessidade da ajuda da oração e do conforto que brota de uma amizade íntima com Cristo. Só assim, vivendo a experiência do amor de Deus e irradiando a fraternidade evangélica, podereis ser os construtores de um mundo melhor, autênticos homens e mulheres pacíficos e pacificadores.
Queridos jovens, ide com confiança ao encontro de Jesus, e, como os novos santos, não tenhais medo de falar d’Ele! Porque Cristo é a resposta verdadeira para todas as perguntas sobre o homem e sobre o seu destino. É preciso que vós, jovens, vos convertais em apóstolos dos vossos coetâneos. Sei muito bem que isto não é fácil. Muitas vezes tereis a tentação de dizer como o profeta Jeremias: “Oh! Senhor, eu não sei exprimir-me, sou um jovem” (Jer 1, 6). Não desanimeis, porque não estais sozinhos: o Senhor nunca deixará de vos acompanhar, com a sua graça e com o dom do seu Espírito.
5. Esta presença fiel do Senhor torna-vos capazes de assumir o compromisso da nova evangelização, para a qual estão chamados todos os filhos da Igreja. É uma tarefa de todos. Nela os leigos têm um papel de protagonistas, especialmente os esposos e as famílias cristãs; sem dúvida, a evangelização exige hoje com urgência sacerdotes e pessoas consagradas. Eis a razão pela qual desejo dizer a cada um de vós, jovens: se sentis a chamada de Deus que vos diz: “Segue-me!” (Mc 2, 14; Lc 5, 27), não a sufoqueis. Sede generosos, respondei como Maria oferecendo a Deus o sim alegre das vossas pessoas e da vossa vida.
Dou-vos o meu testemunho: eu fui ordenado quando tinha 26 anos. Desde então se passaram 56.
Então, quantos anos tem o Papa? Quase 83! Um jovem de 83 anos. Quando olho para trás e recordo estes anos da minha vida, posso garantir-vos que vale a pena dedicar-se à causa de Cristo e, por amor d’Ele, consagrar-se ao serviço do homem. Vale a pena dar a vida pelo Evangelho e pelos irmãos! Quantas horas faltam para a meia-noite? Três horas. Só três horas para a meia-noite e depois chega a manhã
Santa Maria, Mãe dos jovens, intercede para que sejam testemunhas de Cristo Ressuscitado, apóstolos humildes e valorosos do terceiro milénio, arautos generosos do Evangelho.
Santa Maria, Virgem Imaculada, reza connosco, reza por nós. Amén.
(Discurso do Papa João Paulo II, na Vigília de oração com os jovens espanhóis. Madrid, 3 de maio de 2003)