Ser humano

Sou fruto do acaso?

“Foste tu que criaste minhas entranhas e me teceste no seio de minha mãe. Eu te louvo, porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as tuas obras; tu me conheces por inteiro” (Sl 139,13-14).

Acreditar ser um fruto do acaso é negar a maior e mais primitiva experiência do ser humano: a vida

É impressionante pensar como acontece o desenvolvimento do ser humano. Uma única célula, formada por um óvulo materno e um espermatozoide paterno, contém todas as informações – por meio da carga genética – necessárias para desenvolver um pessoa completa. Daquela pequenina célula é formado todo o corpo: cabelo, olhos, ossos, cérebro, órgão genital… Naquele DNA estão contidos aptidões, traços de personalidade, limitações, características físicas específicas. Enfim, tudo o que somos estava armazenado, em potencial, no óvulo que nos gerou. Outros espermatozoides com características diferentes também poderiam ter dado origem a cada um de nós, e seríamos pessoas totalmente diferentes.

Sou fruto do acaso

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Se você tem irmãos, provavelmente percebe como é diferente deles em diversos aspectos, mesmo tendo nascido dos mesmos pais. Imagine poder ter outro cabelo, outro porte físico, outras capacidades pessoais, ter tendência a ser magro ou gordo, até mesmo ter outro sexo. Para isso, bastava que outro óvulo ou outro espermatozoide tivesse sido escolhido para gerar você. Mas não! Deus escolheu você. Ele escolheu exatamente qual célula queria para formar você. Ele poderia ter escolhido fazê-lo de outra forma, mas o quis assim, como você é. Em especial, quero dizer que Deus escolheu a sua genitalidade (os órgãos genitais e aparelho reprodutivo), o seu ser homem ou mulher.

A falta de aceitação faz desejar ser alguém diferente

O conceito de escolher é maravilhoso, e nos traz uma realidade que deveria nos fazer sentir muito amados, principalmente acolhidos pelo que realmente somos. Quantas vezes rejeitamos a nós mesmos! Tantas críticas ao nosso próprio corpo, e inveja das características de outros (principalmente se temos alguma parte do corpo “especial”, que foge do padrão de beleza comum, ou nos dias em que nosso cabelo resolve se rebelar e mostrar personalidade própria, justamente na hora de sair!). Quem nunca teve vontade de cantar, tocar instrumentos, atuar ou ser bom em algum esporte como alguém que admira? Alguns desejariam poder trocar de sexo, pois seria muito mais fácil lidar com os desejos e impulsos que sentem interiormente. A falta de aceitação pode chegar a tal ponto, que a pessoa passa até mesmo a desejar ser alguém totalmente diferente, sonhando que fosse possível entrar em uma máquina e simplesmente trocar de lugar com outra pessoa.

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Deus escolheu você

No dicionário, o verbo escolher significa “selecionar, adotar, optar, preferir, eleger”. Preciso lhe dizer de novo, pois é uma coisa muito linda: Deus escolheu você! Como Criador, Ele poderia ter feito você como quisesse. Não foi ao acaso que você nasceu assim, não foi uma escolha aleatória. Cada detalhe que existe em você foi decidido, pensado e amado antes mesmo de você nascer. Na sua concepção (quando o óvulo encontra o espermatozoide) houve uma explosão de amor, a maior e mais primitiva experiência do ser humano. Aquela célula, que continha tudo que você é na versão mais real, mais verdadeira do seu eu, foi totalmente escolhida, exatamente como era no princípio. Você foi pensado, sonhado, amado por Deus como homem ou como mulher. Na história, no tempo, você passou a existir quando foi concebido. Para Deus, você sempre existiu como foi feito por Ele.

“O homem e a mulher são criados, isto é, são queridos pelo Senhor: por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas; por outro, em seu ser respectivo de homem e de mulher. ‘Ser homem’, ‘ser mulher’ é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível que lhes vem diretamente de Deus, seu Criador (239). O homem e a mulher são criados em idêntica dignidade, ‘à imagem de Deus’. Em seu ‘ser-homem’ e seu ‘ser-mulher’ refletem a sabedoria e a bondade do Criador” (CIC 369).