Reflexão

O que podemos aprender no deserto interior?

Deserto, um lugar que nos remete à interioridade e ao silêncio. Cenário da missão do precursor de Jesus. Desde cedo, João Batista, como apontam as Escrituras, identificava-se com essa paisagem ou com lugares mais retirados. A Igreja de São João do Deserto, por exemplo, nas proximidades de Ain Karen, local do seu nascimento, seria onde o “Menino crescia, fortalecia-se em Espírito e vivia nos desertos até o dia em que apareceu em público em Israel”.

Já no deserto da Judeia, ele viveu boa parte de sua vida em profunda penitência e oração. O Evangelho aponta que ele usava trajes de pelo de camelo, com um cinto de couro à volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.

Indo em direção a Jericó, chega-se ao Rio Jordão, onde João Batista batizava, inclusive o próprio Cristo. Ele anunciava um batismo de penitência e conversão, tendo em vista a chegada do Senhor Jesus. De Jericó, avistamos a Jordânia e Macheronte, onde está o castelo de Herodes, local que assinala a morte do profeta.

O deserto foi um importante local para João Batista

Existe, no entanto, outro importante lugar relacionado à figura do precursor de Jesus. A parte meridional da Cisjordânia corresponde à Tribo de Judá ou Judeia, cuja capital era Hebron, e onde João Batista teria iniciado seu ministério. Na pequena cidade de Taffuh, há pouco mais de 70 anos, foi redescoberto o local que recebeu o nome “Fonte Batismal”, traduzido do árabe. E como pano de fundo de todo esse contexto histórico, o fundamento da vida de João Batista: a verdade!

Ao anunciar a verdade, a conversão dos pecados e as injustiças, mexeu com algumas estruturas do seu tempo, o que o levou ao martírio. Temos nele um grande modelo de anúncio, aquele que veio para preparar os caminhos do Senhor.

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João Batista era o homem da conversão e da radicalidade. Ele aparece para nós como um dos personagens do Tempo do Advento, apontando-nos a direção, a fim de irmos ao encontro do Senhor. Às vezes, causa-nos um certo temor falar sobre penitência, pois, por muito tempo, recebeu um sentido negativo, pesado; quando, na verdade, a penitência nada mais é do que um forma de reparação, no presente, pelo pecados cometidos, e nos projeta para o futuro, a fim de que nos esforcemos para não mais pecar.

Quando somos chamados à penitência, somos convidados a rever as nossas atitudes e gestos; somos chamados a repensar a forma de como conduzimos e levamos a nossa vida. Por isso, no tempo de hoje, a graça que pedimos a Deus é a de termos um coração convertido. João é para nós uma “seta”, é aquele que aponta o caminho e indica a nós quem é o Salvador. Aprendamos com João, um homem de ascese, de vida espiritual renovada e elevada, a voltarmos o nosso coração a Deus para uma verdadeira e sincera conversão.

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