O ressentimento é a grande raiz de todos os nossos problemas de relacionamento. Ele é o maior responsável pela quebra de nossas relações mais preciosas.
Se é tão pernicioso, como ele aparece? Como nasce o ressentimento? Ele surge em nosso coração quando alguma coisa fugiu do nosso controle, quando algo não aconteceu conforme tínhamos previsto ou quando alguma coisa indesejada por nós acabou acontecendo. Quanto mais diferente do previsto, maior será o grau do ressentimento. Tanto faz se quem não cumpriu nossa previsão seja alguém importante ou não. Mesmo que tenha sido Deus. Se não fez como achávamos que deveria fazer, se não disse o que prevíamos que deveria dizer, se não agiu conforme tínhamos programado, nosso coração se ressente, fecha-se e começa a nos corroer.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O ressentimento, sendo o instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar e invadir nosso coração
Quanto mais inesperado for um acontecimento negativo, maior será a possibilidade de ele se transformar num ressentimento. Coisas muito simples acabam por gerar problemas muito sérios. Essa é também a causa da grande dificuldade de curar um coração ressentido. Como a causa pode ser algo muito pequeno, não é fácil percebê-la. Muitas vezes, só percebemos o tamanho do estrago depois que ele já se instalou e estraçalhou nosso coração e nossa vida. Quem de nós já não teve, em algum momento da vida, uma decepção com algo ou com alguém? Quem de nós não se sentiu maltratado, ferido ou injustiçado?
Quanto mais esperado um acontecimento positivo, maior o perigo do ressentimento caso não se concretize conforme o programado. Ressentimento é aquilo que, fugindo às nossas expectativas, acaba por nos magoar. Pode ser uma coisa boba, mas se nos decepcionou e desapontou, vamos ficando entristecidos. A tristeza acaba por se transformar nesse monstrinho que tantos estragos pode fazer em nossa vida, especialmente em nossos relacionamentos, tornando-se até mesmo um real obstáculo para a nossa salvação. Aliás, essa é a grande causa pela qual precisamos trabalhar em busca dessa cura.
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Como eliminá-lo?
Quando esperávamos uma atitude ou resposta de alguém e veio uma surpresa desagradável, existe a real possibilidade de que surja o ressentimento. Como não compreendemos o mecanismo pelo qual ele se instala em nosso coração, não sabemos como eliminá-lo. Cada um de nós precisa descobrir as coisinhas corriqueiras que mais nos atrapalham. O que para um é motivo de ressentimento, para outro não é nada. Não existe uma fórmula exata, acabada e infalível. Cada um tem áreas mais fragilizadas. Nossas fragilidades não são as mesmas, assim como nossas qualidades e limitações também não são iguais. Cada um tem o seu jeito de ser besta! É preciso descobrir onde se encontram nossos pontos fracos.
O ressentimento, sendo instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar da pior maneira possível para invadir nosso coração. Depois que se forma, ele nos deforma. Depois que se oculta em nosso coração, ele passa a se manifestar em nossas atitudes.
Quando a mágoa entra no coração
Depois de aninhado em nosso coração, a mágoa começa a se manifestar. Essa é a hora de eliminá-la sem dó nem piedade. Aliás, a autopiedade é uma de suas armas favoritas. Toda pessoa ressentida vive e se alimenta de pensamentos negativos sobre si, sobre os outros, sobre o mundo e a vida. Tudo é pessimismo! A pessoa fica presa ao passado e está sempre fazendo a oração da lamúria. É dela que vem a depreciação de si mesmo: não posso, não consigo, não vai dar certo… Nascem daí o complexo de inferioridade e a desvalorização de si mesmo. A pessoa então vive se acusando, remoendo críticas e autocondenação. O ressentimento já começou a produzir seus frutos nesse coração.
Atenção! Ao primeiro sinal desses sintomas, não tenha dúvida: oração de perdão, renúncia e acolhimento da graça de Deus em sua vida. Faça uma limpeza completa em seu coração, pondo-se na presença de Deus e falando abertamente sobre esses sentimentos negativos. Não tenha vergonha do Senhor para não se envergonhar de si mesmo por coisas muito piores que, com certeza, se não for aniquilado, o ressentimento se encarregará de impulsioná-lo a fazer.
Padre Léo, scj
(Trecho extraído do livro “A cura do ressentimento”)