O ano de 2005 chegou ao fim.
Foi um ano muito difícil para o país e para o povo, especialmente pelos escândalos financeiros e o mar de lama da corrupção que ainda nos envolve. A vida parlamentar
foi toda tomada pelas três Comissões Parlamentares de Inquérito que se prolongam ainda hoje, para apurar a enorme corrupção.
O povo brasileiro está estarrecido e decepcionado. Esperava um novo tempo em que imperasse a ética e a lisura com o dinheiro da nação; no entanto, a mais profunda e imoral corrupção que já se teve notícia neste país foi institucionalizada com a conivência e participação dos próprios governantes, com a finalidade de se manterem no poder por muitos anos. A Nação se sentiu traída. E tudo isso repercutiu sem dúvida no desenvolvimento do país.
É lamentável que sobretudo a nossa juventude tenha sido envolvida com tantos maus exemplos; o que pode tirar a esperança e a vontade de lutar por um país melhor.
Mas de tudo isso, muitas lições vão ficar; sabemos que é do sofrimento que nasce a sabedoria. Os gregos já diziam que “sofrimento é escola”. Peçamos a Deus que converta toda essa decepção em esperança para um novo tempo neste Ano que se inicia.
Ninguém tem o direito de desanimar; a vida continua, a Nação tem ainda a oportunidade de resgatar a sua honra; há ainda homens e mulheres sérios trabalhando para que a moral se restabeleça. Este ano é um ano de eleições e o povo terá mais uma vez a sagrada oportunidade de fazer valer a sua escolha diante de cada nome que se lhe apresenta para cuidar do bem público. Mais do que nunca será preciso votar com consciência, com informação detalhada sobre cada candidato, a fim de que o voto seja correto. Ninguém pode fugir desta responsabilidade anulando o seu voto; isto seria fugir de maneira covarde da batalha.
Todas essas mazelas que nos atingem são partes de um processo de amadurecimento do país, tanto no campo político quanto ético. Não há que se perder a esperança; esta é uma virtude teologal que sustenta a vida cristã. Tudo isso vai passar e o país vai continuar a sua caminhada; peçamos a Deus que esse “terremoto” seja vencido, fazendo com que a nossa democracia amadureça ainda mais, a fim de que os crimes políticos e financeiros sejam denunciados e superados.
Acima de tudo, a grande lição que ficou do ano que terminou foi aquilo que dizia Paulo VI: “não há solução fácil para problema difícil”. A Igreja é muito criticada exatamente por isso: ela não aceita “soluções pela metade”, fáceis, cômodas e inócuas. A solução verdadeira para os problemas difíceis, é difícil, árdua e muitas vezes demorada. Quando Pedro quis livrar Jesus da Cruz, Ele o repreendeu. O caminho mais fácil não é o caminho da salvação.
Começa um novo Ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o Senhor da História e da vida; é nEle que confiamos; é para Ele que voltamos os olhos neste mar de tormentas, a fim de que superemos tudo isso.
Ganhamos do Senhor um novo Papa, Bento XVI, o doce Cristo na Terra, como dizia Santa Catarina de Sena. É um homem preparado pelo Senhor para combater o secularismo de nosso tempo. Foi forjado no fogo de João Paulo II durante quase 24 anos. Deus seja louvado! Cabe-lhe enfrentar o secularismo que ameaça a fé e se opõe ao Reino de Deus.
A Canção Nova continua a sua caminhada com o Papa e com o Brasil, convidando o povo brasileiro a não desanimar e a não se desesperar diante de tanta tristeza, mas continuar a sua luta com fé e esperança em Deus. Mais do que nunca precisamos rezar, confiar e consagrar este Ano que começa ao Coração Imaculado de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Protetora do Brasil, para que Ela nos proteja com o seu manto materno.