Nos arredores da cidade de Lamada, na Itália no ano de 1330, aconteceu um milagre relacionado à Eucaristia:
Um sacerdote foi chamado para administrar os últimos sacramentos a um agricultor enfermo. Numa atitude de relaxamento, o sacerdote pegou a hóstia consagrada de dentro do sacrário, colocou-a dentro do seu breviário (livro do Oficio divino que sacerdotes rezam todos os dias) e foi atender o doente. Ao chegar lá, ouviu-o em confissão, e quando foi dar-lhe a comunhão, abriu o livro onde havia colocado a hóstia: as páginas estavam ensangüentadas.
O sacerdote foi tomado de um profundo arrependimento, voltou ao convento dos agostinianos para relatar o ocorrido ao Padre Simon Fidati, religioso e teólogo, beatificado pela Igreja algum tempo depois.
Primeiramente, confessou-se com o sacerdote, porque havia pecado contra o corpo e sangue do Senhor, e depois lhe apresentou o livro e o resultado do seu “relaxamento”.
.: Cobertura completa do 15º Congresso Eucarístico Nacional
Misericordiosamente, o Senhor quis demonstrar ao sacerdote que Ele estava presente naquela hóstia, por isso deixou ali as marcas do Seu sangue.
O Pe. Simóm Fidati guardou aquela relíquia em Cássia (onde estão os restos mortais de Santa Rita). Lá está também a página do livro do Breviário com a marca do sangue, lá está para todos nós podermos ver, e não cairmos no relaxamento e na rotina. Para não sermos réus do Corpo e do Sangue do Senhor.
O mais interessante é que quando se coloca uma luz atrás da página ensangüentada, também se vê o perfil do rosto de Cristo. É um segundo milagre.
O primeiro milagre é a página do livro ensangüentada e o segundo, o perfil do rosto de Cristo presente ali. Um milagre dentro de outro milagre.
A Eucaristia, embora se mostre na pobreza do pão e do vinho, não é algo sem importância!
Isso foi proclamado por São Paulo em sua primeira Carta aos Coríntios:
“Por isso, meus queridos, fugi da idolatria. Eu vos falo como a pessoas sensatas: julgai vos mesmo o que digo. A taça da benção que nós abençoamos não é porventura uma comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é uma comunhão com o corpo de Cristo?”
(1Cor 10, 14-16).
Quando comungamos, entramos em comunhão com o sangue de Cristo; com o corpo ressuscitado do Senhor. Recebemos em nós a semente da ressurreição.
Paulo não conviveu com Jesus como os apóstolos. Ele converteu-se bastante tempo depois da Sua morte; mas recebeu isso diretamente do Senhor, por revelação. Por isso disse:
“De fato, eis que eu recebi do Senhor, e o que vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão e após ter dado graças partiu-o e disse: ‘Isso é o meu corpo em prol de vós, fazei em memória de mim'”
(Cor 11, 23-24).
Ele nunca diria: “Eis que eu recebi do Senhor, e o que vos transmiti”, se não fosse real.
Os outros apóstolos estiveram presentes na última ceia, viram, tocaram, receberam de Jesus o pão e o vinho consagrado, mas Paulo recebeu isso por revelação:
“Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor” (1Cor 11,25-27).
Aí está a prova mais linda da presença real de Jesus na Eucaristia. Como alguém poderia ser culpado para com o corpo do Senhor, recebendo-o indignamente, se Ele não estivesse realmente ali, debaixo das aparências do pão e do vinho?
Diante disso, precisamos nos examinar para não recebermos o corpo do Senhor indignamente. Precisamos acautelar-nos para não cair na rotina e no relaxamento. O milagre eucarístico não aconteceu para corrigir apenas o relaxamento daquele sacerdote, mas para corrigir o nosso relaxamento.
Peçamos ao Senhor a graça de O recebermos com o coração aberto em atitude que rezassem sempre.
Quando o anjo apareceu aos pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, ele lhes ensinou uma oração em desagravo ao Senhor presente na Eucaristia. Pediu que rezassem sempre:
“Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.
Precisamos pedir ao Senhor um coração cheio de amor e respeito pelo Seu corpo presente na sagrada Eucaristia.
:: Trecho do livro: Eucaristia: nosso tesouro, de Padre Jonas Abib