‘Um dos maiores filósofos e teólogo cristão, e figura central na transição da filosofia pagã para filosofia especificamente cristã.’
Aurélio Agostinho, nasceu em Tagaste, aldeola norte-africana do Império Romano tardio, atual Souk – Ahras, na Argélia. Nasceu em 13 de novembro de 354. Pertenceu a uma família de classe social humilde. O pai, Patrício, era pagão e de posses que no final da vida se converteu. A mãe, Mônica, era cristã, ela foi seu principal mestre (depois sendo canonizada).
Ele cursou as primeiras letras na escola municipal de Tagaste, de 361 a 365. Prossegue o ensino médio em Madoura cidade vizinha e um pouco maior; de 365 a 369. Tornou-se bom aluno. Começou a ter êxitos. Por falta de recursos financeiros, passou o período 369 a 370 na inatividade ociosa de Tagaste. Foi aí que a puberdade o surpreendeu em seu incandescente ser afetivo.
Um mecenas generoso, Romaniano, resolveu seus problemas econômicos. Graças a ele, Agostinho fez estudos superiores de Retórica e Artes Liberais em Cartago. Dedicou-se com deleite à aquisição do saber nas aulas, que complementava com a leitura.
Fez o curso universitário durante quatro anos, de 370-371 a 373-374. Paralelamente, durante esse período seu coração era um vulcão. Ardia em chamas de ansiedade, de ‘anxietudo’, neologismo inventado por ele em latim. Suas peripécias interiores são apaixonantes. Sentia-se afetado pelo puro amor em si, sem objeto embora sempre fogoso. ‘Ainda não amava e já gostava de ser amado’, diz-nos ele.
Mas durou pouco em seu espírito esse amar não materializado. Ele não o domina. Completando dezessete anos no segundo ano do curso, 371-372. Amava essa mulher com todo o seu ser. Tratava-se de uma jovem de condição social humilde. Eles estavam profundamente apaixonados. Amavam-se de maneira muito afetuosa. No ano escolar seguinte, 372-373, tiveram um filho, Adeodato (latim A-Deo-datus ‘dado por Deus’). Tanto a mãe como o pai o idolatravam. No ano seguinte, 373-374, Agostinho se forma.
A partir de então, passou a exercer o magistério. Foi professor particular de Gramática em Tagaste, durante 374-375. Na escola pública municipal de Cartago conseguiu a cátedra de Retórica, que ocupou como titular por oito períodos, de 375-376 a 382-383. Depois foi para Roma, onde abriu uma escola particular de Arte Retórica durante o período 383-384.
Finalmente, entre junho e julho de 384, candidatou-se à ‘Cátedra Imperial de Retórica e Artes Liberais’, vacante em Milão, onde conheceu Ambrósio, bispo da cidade. Foi bem-sucedido nas provas, que se realizaram na presença do Prefeito de Roma, Quinto Aurélio Símaco. Permaneceu ali por dois períodos, até as ‘férias vindimais’, data em que renuncia à cátedra por ter-se convertido à fé cristã.
Durante catorze anos, de 371-385, Agostinho vive em união estável de leito com a mãe de seu filho. Ela não é sua esposa; é sua concubina. Por todo esse tempo, vivem eles um para o outro, amando-se de verdade com ‘fidelidade de leito’, tori fidem e com paixão de namorados. Coexiste na paixão deles diferentes sensibilidades. Ela é mais doce; ele, mais fogoso. Por isso mesmo, são com freqüência castigados pelo ferro em brasa do ciúme, das suspeitas, dos temores, dos aborrecimentos e das disputas’.
Se, ao final desses anos, se separa dela, sem se casar, não é por falta de afeto, nem por ambição, mas por imperativo legal. Assim o estabelecem as leis Julia e Papia Poppaea, sobre o ‘casamento das ordens’. É uma legislação que proíbe o casamento entre contraentes do matrimônio por desigualdade de classe em termos de dignidade ou de posição. Em novembro de 385 se dá a dolorosa separação entre Agostinho e sua concubina.
A alta sociedade milanesa já é, a essa altura, prioritariamente cristã. É regida espiritualmente pelo bispo Ambrósio. Entre seus fiéis Mônica, mãe de Agostinho.
Sua evolução espiritual é acompanhada de um longo e profundo conflito interior e, sob a influência de sua mãe Mônica, converteu-se ao cristianismo (386) sendo batizado junto com seu filho pelo bispo Ambrósio, aos 31 anos.
Tomado pelo ideal de ascese decidiu fundar um mosteiro em Tagaste.
Nesta época ele perde a mãe e, pouco depois, o filho, Adeodato.
Ordenou-se Padre (391) em Hipona, pequeno porto do mediterrâneo.
Em 395 foi nomeado coadjutor do bispo Valério e um ano depois tornou-se bispo de Hipona, onde não tardou para que fundasse uma comunidade ascética nas dependências da catedral. Consagrando à apologia do cristianismo contra as heresias, participando de todos os combates doutrinais de seu tempo.
Agostinho escreve Confissões treze anos depois da separação, entre 397 e 398, quando já era bispo titular de Hipona.
Ele testemunha o fim do Império Romano e da antigüidade clássica, em 410 viu a invasão de Roma pelos visigodos. Pouco antes de morrer presenciou o cerco de Hipona pelo rei dos vândalos, Genserico. Morre em sua cidade episcopal, no dia 28 de agosto de 430. Nesta data é festejado como doutor da Igreja.
A paixão da juventude, transferida para Deus com o passar dos anos, inspirou em Agostinho esse juízo de sincera e justa homenagem à verdade. E a vivência do mais puro e verdadeiro amor.