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Arrumar a mala, comprar as passagens, imaginar o lugar, as pessoas que vamos encontrar e as possíveis situações que vamos viver… os abraços de despedida, a expectativa feliz das futuras novidades, tudo isso faz parte da viagem e é prazeroso vivê-lo. Quem parte tem sempre uma meta a ser alcançada e muitas viagens são, na verdade, a concretização de sonhos alimentados durante anos.
A quem diga que viajar é descobrir novos horizontes, é contemplar o mundo por meio de um novo prisma, é bater asas e voar em novas direções. Concordo com tudo isso, mas partilho uma experiência relacionada a uma viagem vivida nesses últimos dias, que me fez tomar consciência de uma realidade, muitas vezes despercebida em nossa vida: viajar é bom; voltar é melhor!
Depois de 15 dias em outro país, sem dominar seu idioma, eu já sentia saudade de tudo… da casa, da comida, do paisagem e principalmente das pessoas que fazem parte do meu dia-a-dia. Escrevo enquanto viajo de volta e o tempo de vôo me da a chance de pensar, com calma, nas razões que me causam a alegria do regresso.
Por que será que desejamos tanto voltar ao aconchego do lar, mesmo que seja depois de um dia de trabalho ou de uma longa viagem?
Certamente, temos respostas diferentes para essa questão, mas em geral saber que alguém está à nossa espera, sentir que o mundo terá mais cor com nossa presença e lembrar que em casa há um lugar só nosso, pois somos únicos na história da humanidade. Pensar que, na bagagem de volta, estamos levando além das fotos, mais amor, mais risos, mais paciência, mais gratidão e mais coragem para recomeçar causa-nos uma sensação tão boa que não se pode negar; o regresso é tão importante como qualquer ida.
Aliás, acredito que muitas vezes é preciso ir para ter a alegria de voltar… E isso se dá também na vida! É no regresso que muitas vezes nos encontramos com nós mesmos e damos a oportunidade de sermos encontrados por outros. A viagem, entre os muitos benefícios que nos causa, traz em si o poder de nos desinstalar, de nos fazer sair do comodismo e contemplar, em outros, o quanto podemos ser melhores.
Há quem diga que só se dá valor ao que se perde. Tenho procurado valorizar o que possuo, sem precisar perder e concordo que a viagem também nos proporciona essa descoberta, nos mostra o sentido das coisas simples que temos por perto e acabamos nos acostumando com elas – correndo o risco de não reconhecer seu valor. Se falo assim das coisas, digo ainda mais das pessoas!
Não podemos nos acostumar com a presença de ninguém em nossa vida. Cada um que está ao nosso lado, por qualquer que seja a razão, tem um papel importante, a partir daqueles que nos ajudam com seu trabalho, também os que são parte da nossa família; cada um é único e seu valor também. Reconhecer isso já nos aproxima da meta que, como cristãos, devemos ter: ser como Cristo! Ele nos ensinou o caminho dos relacionamentos e a valorização da pessoa como meio para uma vida equilibrada.
Aliás, acredito que nossa vida pode ser comparada a uma viagem, na qual o destino é a eternidade. Estamos neste mundo como peregrinos que regressam a cada dia ao lugar de onde saímos: o coração de Deus. Jesus também nos ensinou com a vida essa lição. Ele foi peregrino como nós.
Agora podemos imaginar: se é bom voltarmos para casa, como será voltar para o Coração de Deus, lugar de onde saímos um dia? Essa chegada pode se dar a qualquer momento, então, façamos valer a pena nossa peregrinação terrena começando por viver bem o hoje, amando mais, acolhendo melhor e valorizando tudo que temos sem nos desviarmos do essencial: o amor. Nessa viagem, somos companheiros… qualquer dia nos encontraremos por aí.
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