Cada um tem uma forma pessoal de rezar. Quem ama a Deus dir-lhe-á, às vezes, de repente, quase inconscientemente, em pleno trabalho, uma prece silenciosa. Assim como muitos praguejam ou dizem palavrões, quase automaticamente, outros dizem no íntimo do coração: ‘Ajudai-me, Senhor‘, ‘Não me deixeis perder a paciência‘ ou ‘Muito obrigado‘.
São pequenas manifestações das grandes atitudes fundamentais: fé, esperança e caridade. Muitos, mesmo no borborinho das grandes cidades, conseguem ter contatos repentinos com Deus. Meio simples e usual para criar silêncio é dizer uma oração tradicional, rezando, por exemplo, em voz baixa, o Pai-Nosso e a Ave-Maria ou fazendo o sinal da cruz. São gestos de união com Deus e de agradecimento.
Rezar de manhã, ao levantar, é importante. À noite, temos ocasião propícia para agradecer, pedir perdão, ler um trecho da Bíblia, fazer uma breve meditação. Por que não rezar juntos, em família, o terço ou qualquer outra oração? Rezar às refeições, agradecendo o alimento que de Deus recebemos, pertence à lídima tradição cristã.
O Catecismo da Igreja Católica fala das várias ‘expressões’ da oração. A oração vocal é um dado indispensável da vida cristã. Jesus não só rezava as orações litúrgicas da sinagoga, mas elevou a voz para exprimir sua oração pessoal, desde a bendição exultante ao Pai até a angustiosa oração do Getsêmani. Somos corpo e espírito; sentimos a necessidade de traduzir exteriormente nossos sentimentos. A oração vocal é, por excelência, a oração dos grupos e das multidões.
‘A meditação é, sobretudo, uma procura’. Ela exige uma atenção, por vezes difícil de conseguir. Geralmente, usa-se um livro. Santa Teresa, mestra de oração, confessa que por muitos anos, exceto na ação de graças após a Comunhão, necessitava da ajuda de um livro. ‘A oração mental é um contato íntimo de amizade, no qual conversamos, muitas vezes a sós, com esse Deus que sabemos que nos ama‘. É contemplação, um olhar de fé e de amor fito em Jesus. Qualquer que seja a expressão em que se manifesta, a oração é adoração, ação de graças, pedido de perdão e súplica.
A adoração é a primeira atitude do homem, que se reconhece criatura diante do seu Criador, enaltece a grandeza do Senhor que nos fez e se enche de humildade. A ação de graças caracteriza a oração da Igreja. O louvor é a forma de oração que reconhece a glória de Deus e o bendiz, alegrando-se pela sua glória.
Na oração de súplica traduzimos a consciência de nossa relação com Deus: como criaturas, não somos auto-suficientes nem senhores do nosso destino. O pedido de perdão é a condição prévia de uma oração correta e eficaz. Na intercessão imitamos a oração de Jesus, o único intercessor junto do Pai em favor dos homens. Como falar de Deus aos outros, se não falamos com Ele?
Dom Frei Daniel Tomasella
Diocese de Marília – SP
Fonte: Jornal ‘No Meio de Nós’