Jesus chamou um menino, colocou-o no meio deles e disse: – Eu vos asseguro: se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino de Deus (Mt 18, 2-3).
Nesta ano a CF 2002, nos colocado diante de uma criança. Uma criança indígena. Um dos 551 mil indígenas pertencente a uma das 225 nações que conseguiram sobreviver em nosso país. No início da chegada dos europeus, eles eram cerca de 6 milhões, divididos em 900 povos indígenas. É a imagem da Campanha da Fraternidade que está sendo divulgada pela mídia, mediante cartazes, outdoors e outros meios.
Uma criança que brinca distraidamente com a terra, passando-a de uma mão à outra… O primeiro aspecto que salta aos olhos é a inocência deste pequenino que, com pureza, brinca com a mãe-terra em total familiaridade. Ele e a terra são um só. A terra passa por toda a sua vida. Ele a contempla, a respira, e sente esta terra em seu ventre. Nela está sua cultura, sua história, a história de seus antepassados. Ela é a mãe generosa que sustenta a vida. Ela passa por nossas mãos para ser transformada e cultivada, gerando vida. Não é para ser acumulada e se transformar em fonte de exclusão e de conflitos.
Seu olhar é de quem está procurando alguma coisa nesta terra… Suas mãos formam uma ampulheta a marcar o tempo de Deus. Nas mãos desta criança, sinal do Reino, vislumbramos uma terra sem males que na hora de Deus haverá de chegar. Uma terra sem violências, sem fome, sem miséria. Este sonho acalentado pelos povos indígenas é o mesmo sonho dos cristãos na busca do Reino de Deus. É a utopia que nos sustenta na busca de uma realização e de um lugar.
Seus adornos lembram a beleza de um povo que sabe se enfeitar e fazer festa porque tudo é dom de Deus. Nada nos pertence e por isso, vive-se na alegria e na solidariedade. A preocupação é com o bem estar de todos, com a coletividade. Seu calção vermelho com uma listra branca faz-nos lembrar do sangue de seus antepassados, brutalmente derramado nesta terra, a pedir por justiça e paz.
O verde da mata com os raios do sol, como cenário de fundo, traduzem o clima de esperança destes povos. Eles não desanimam, mas, com coragem, seguem lutando para reconquistar a terra, uma terra sem males, preservar sua cultura e ensinar a todos nós um modo mais evangélico de se viver.
Quem tem olhos para ver, que veja e se converta! Seja solidário com a causa indígena e procure conhecer sua verdadeira história. Participe do abaixo-assinado exigindo a aprovação do Estatuto dos povos indígenas que há mais de 12 anos não consegue ser votado. Apoie as lutas dos povos indígenas pela demarcação e garantia de suas terras. Colabore com a Coleta da Solidariedade a ser realizada no domingo de Ramos, que se destinará ao desenvolvimento de ações em favor dos povos indígenas.
Pe. Paulo Crozera
Coordenador Arquidiocesano de Pastoral Campinas/ SP