Neste pequeno planeta, que, de tão pequeno nem sequer seria visível de Júpiter, aconteceu um fenômeno incrível chamado homem. HUMANUS, feito de humo, feito de terra, feito de pó. A Bíblia não é um livrinho tão ingênuo quanto alguns cidadãos, supostamente mais cultos, gostariam de supor.
Na história da criação do primeiro casal, há uma colocação impressionante e lúcida: ADAMAH foi o nome que o autor achou para descrever o ser inteligente e especial que Deus criara. E ADAMAH, como humano, têm o mesmo significado de terra. A humanidade é terra. É pó.
Depois, vieram os cientistas e pesquisadores, afirmar que o ser humano é composto basicamente de seis elementos, como também o é a vida. E como o planeta, ele é mais água do que sólido. E, como a Terra e demais corpos celestes, é o equilíbrio de seus átomos que o mantém funcionando como um pequeno universo. O que acontece em escala gigantesca, com os astros gravitando em torno uns dos outros e formando um corpo inteligente, o cosmos_ , também se dá com o homem. É este um pequeno universo que reproduz, em escala de microcosmo, as mesmas evoluções do macrocosmo.
Quem criou o Universo, criou este planetinha Terra. Quem criou este planetinha, criou um tipo de ser inteligente que veio da terra, que para ela deve voltar e age estreitamente ligado a ela. Em cada árvore que ele mata, em cada rio que ele polui, em cada metro de céu que suja, o homem morre um pouquinho. Cada floresta derrubada é um suicídio coletivo. É como o sujeito tolo que serra o galho em que está. E morre com ele.
E é por isso que somos todos suicidas, quando permitimos que se desmatem milhares de áreas verdes, quando não reagimos às poluições ambiental, visual e sonora. Quando nos calamos diante de testes atômicos, e assistimos, impassíveis, ao assassinato da vida no planeta. Somos tão culpados quanto o médico que faz o aborto, a mãe que o decide e a enfermeira que assiste.
Criança inocente é como a natureza, seu crime é estar no lugar que queríamos ocupar, ou ocupar um lugar que desejamos tirar. Na sanha de desmatar, poluir e sujar, como aprendizes de feiticeiros, enquanto brincamos com armas atômicas e bacteriológicas, estamos nos matando. E se a terra morrer, o homem morre. Morre junto à árvore destruída, junto ao riacho poluído que antes servia à população.
Há um limite para tudo. A Bíblia não é livro tão ingênuo quanto possa parecer. Se deu ao primeiro homem o nome de ADAMAH (pó, de terra), se o traduziu como HUMANUS (feito de humo), queria passar alguma mensagem.
E a Igreja afirma na Quarta feira de cinzas: Lembra-te, homem, que és pó; e voltarás a ser pó. Mas será muito triste se voltarmos como suicidas. E dos povos suicidas, talvez, no momento, não haja nenhum pior do que o brasileiro. Não se desmata impunemente, em 60 anos, quase metade de uma área densamente habitada. Somos um povo desorganizado e doente. E quem não respeita a vida só pode terminar no caos. Que o digam os ecologistas. Sem eles, seremos o país da desordem e do retrocesso. Mais depressa do que imaginamos…