Logo depois da guerra, um grupo de exegetas e professores de Sagrada Escritura, desejoso de se encontrar para abordar problemas relacionados com a Bíblia, confrontar experiências sobre os métodos de pesquisa e do ensino da Sagrada Escritura nos seminários e, principalmente, preocupado com o emprego da Sagrada Escritura na instrução dos fiéis e nas várias modalidades da pastoral, concretizou este desejo com a realização da Primeira Semana Bíblica Nacional. Essa realização era uma resposta dos exegetas brasileiros ao desafio que o Papa Pio XII acabava de lançar com a sua Encíclica Magistral Divino Afflante Spiritu, promulgada no dia da festa de S. Jerônimo, em 1943.
No dia 18 de junho de 1946, o salesiano, Doutor em Sagrada Escritura, Pe. Antônio Charbel, enviou uma carta a todos os brasileiros, ex-alunos do Pontifício Instituto Bíblico, de Roma, consultando-os sobre a oportunidade de se promover uma Semana Bíblica Nacional. As respostas, prontas, foram unânimes. O Prefeito da Pontifícia Comissão Bíblica, de Roma, Cardeal Eugênio Tisserant, através do secretário da mesma, felicitava a iniciativa dos biblistas brasileiros, sinal da renovação dos estudos bíblicos no seio do
clero católico.
Nesse mesmo documento, o Secretário da Pontifícia Comissão Bíblica manifestava o vivo desejo de que se fizesse no Brasil a tradução da Bíblia para o português, diretamente dos textos originais, hoje criticamente estabelecidos; aliás, esse propósito já estava explicitado nas iniciativas dos organizadores da Semana Bíblica.
A Primeira Semana Bíblica Nacional, destinada a especialistas em Ciências Bíblicas, realizou-se de 3 a 8 de fevereiro de 1947, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Cerca de quarenta participantes, vindos de muitos Estados do Brasil, compuseram a Semana. Ao iniciar os estudos e reuniões, foi enviado um telegrama ao papa Pio XII, reafirmando fidelidade e invocando as bênçãos de Sua Santidade. O papa respondeu com outro telegrama, enviando sua bênção apostólica, com os votos de fecundos trabalhos. Ao encerrar-se a Primeira Semana Bíblica Nacional foi redigida uma circular intitulada: Resoluções da Primeira Semana Bíblica Nacional que continha as seguintes conclusões:
a) Instituição do DOMINGO DA BÍBLIA;
b) Incentivar a publicação da literatura bíblica nacional;
c) Fundação da LIGA DE ESTUDOS BÍBLICOS – LEB;
d) Tradução literal da Bíblia para a língua portuguesa. Os frutos da Primeira Semana Bíblica superaram todas as expectativas, graças ao trabalho conjunto de seus organizadores e colaboradores biblistas espalhados pelo Brasil. A partir desta iniciativa, institui-se o Domingo da Bíblia, cuja finalidade era criar uma ocasião para instruir os fiéis sobre a
Palavra de Deus, difundir mais amplamente a Bíblia e dar ensejo a que a
homilia na Missa abordasse o assunto Bíblia. Sugeriu-se que o DOMINGO DA
BÍBLIA fosse celebrado no último domingo de setembro, por estar mais perto da festa litúrgica de S. Jerônimo (30 de setembro), Doutor Máximo das Escrituras. Esse domingo começou a ser celebrado em todo o Brasil. Logo foi inserido, em caráter oficial, no Diretório Litúrgico do Brasil.
A idéia de celebrar um Mês da Bíblia (setembro) em âmbito nacional foi lançada na Décima Semana Bíblica Nacional, realizada em 1974, em Belo Horizonte. Foi aí que os lebistas tiveram a iniciativa de propor a transformação do mês do Domingo da Bíblia, (mês de São Jerônimo), num verdadeiro Mês da Bíblia. A arquidiocese de Belo Horizonte assumiu, com entusiasmo, essa instituição que depois foi oficializada em outras dioceses do Brasil.
*Dom Terra é professor de Teologia, Filosofia, Escritura e Línguas Bíblicas;
autor de 207 livros, 530 artigos e presidente da LEB – Liga dos Estudos
Bíblicos.