Na peregrinação que fazemos aqui no mundo, em direção à pátria celestial, deparamo-nos com o combate interior, a luta entre a carne e o espírito, a qual dia a dia nos empenhamos a fim de passar das trevas para a luz.
A luz da verdade, a luz que Jesus trouxe ao homem, luz que nos atrai e não deixa nosso coração acomodar-se longe dela.
Vivemos constantemente inquietos, desejosos de estar mais próximo dessa luz que nos permite ver melhor o Senhor, conhece-lo profundamente, receber seus ensinamentos, compreendê-los e pô-los em prática em nosso viver. Quanta arrumação se torna necessária, quanta cura pedir a Jesus e dele receber! Seu bálsamo se derrama sobre nossas pisaduras e as alivia.
É um processo de “nascer de novo”, como Jesus disse a Nicodemos (Jo 3). A salvação que Jesus nos trouxe é o “vento suave que sopra onde quer: ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito”.
Vai-se processando no espírito a pacificação interior, até alcançar a mansidão. Aquietado o coração, desejamos ser como Jesus nos convida a ser: como ele é. E frequentes orações brotam do nosso interior: “Senhor, não se eleva soberbo o meu coração, mas se levantam altivos os meus olhos.
Não ambiciono grandezas, nem coisas superiores a mim. Antes, fico sossegado e tranqüilo, como criança ao colo de sua mãe. Espera, Israel, no Senhor, agora e para sempre” (Sl 131).Na busca da humanidade e da mansidão, no abandono de filhos ao Senhor podemos na fé discernir a tática e os empreendimentos astuciosos de Satanás e vigiar para combater suas audácias.
O Senhor Jesus nos deu direito de usar o seu nome, que está acima de todo nome, para que “ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua professe, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fl 2).
O nome e o sangue precioso são as armas do combate na hora da batalha, mas na vigília, na preparação, a arma principal é a união com Deus na oração, no diálogo pessoal de cada um, numa conversação constante de espírito a espírito.
Estar com Deus, amá-lo e receber o seu amor é o maior tesouro e a maior arma, pois este amor nos reveste, qual armadura de uma veste de luz que só Jesus pode dar-nos. Veste interior, para que a vaidade não nos perturbe abrindo brechas em nós. Veste de amor do Pai, como a que Jesus possuía na terra: havia nele tal graça, simplicidade, firmeza e ternura, aqueles que o viam e ouviam queriam estar em sua companhia. Até mesmo os demônios o reconheciam, mas nada podiam diante dele.
Quando Jesus nos diz: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”, revela-nos que, por essa maneira de ser, nos combates que ele nos permite enfrentar seremos sempre vitoriosos.
A palavra nos diz: “Trabalhai na vossa salvação com temor e tremor, porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar.
Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da vida” (Fl 2,14-16).
Se nos deixarmos guiar por essa Palavra, se aceitarmos que ela se cumpra em nossa vida, estaremos verdadeiramente aprendendo de Jesus a ser mansos e humildes de coração.