Sempre fui muito convicta das minhas opiniões. Diante de assuntos polêmicos, meu coração disparava e mal conseguia esperar para terminar de ouvir a opinião do outro, já estava formulando, como que automaticamente, meu ponto de vista.
Era tão treinada em emitir minha opinião, que com o tempo fiquei acostumada a uma triste e falsa realidade: eu estava com a razão. Com esgotável e digna de toda a desconfiança. Com tanto para falar e opinar, me esvaziei, porque na verdade a fonte era esgotável e digna de toda a desconfiança, a minha real motivação era eu mesma, e não o fato em si, era me achar.
Porque na verdade estava me procurando quando falava, e parar para ouvir era definitivamente um risco que não queria correr. E se a visão do outro fosse melhor? Isso seria como uma bomba caindo num grande vazio e então, estava fadada a encarar a minha verdade. Eu não me conhecia. Então, a minha defesa era falar.
Até que um dia Deus me conduziu ao deserto, lá longe da multidão, fiquei mais perto de mim e assim de Deus. O silêncio no início era torturante, doía na alma. Afinal agora sou eu e Deus. E foi nesta situação que descobri o valor do silêncio.
Ganha-se mais quando se cala. Aprende-se mais quando se ouve. Maria falou pouco e levou no Seu ventre o Verbo encarnado. Hoje, amo o silêncio e não o temo mais, a energia que eu gastava com o que ia para fora, hoje, canalizo para dentro de mim, onde Deus habita e creio que, exalando pelos olhos, pelo sorriso e feliz em me encontrar, comunico Deus muito mais do que antes.