Certamente você gostaria de saber quando Jesus disse estas palavras. Foi um pouco antes de iniciar sua paixão, quando pronunciou um discurso de despedida que constitui o seu testamento. Imagine, então, como essas palavras são importantes. Se ninguém jamais esquece as palavras ditas por um pai antes de morrer, quanto mais as que foram pronunciadas por um Deus! Portanto, encare-as com grande seriedade e procuremos juntos entendê-las profundamente. ‘Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei‘.
Jesus está prestes a morrer e tudo o que diz reflete esse acontecimento que se aproxima. Sua partida iminente exige sobretudo a solução de um problema: como permanecer entre os seus para dar continuidade à Igreja? Você sabe que Jesus está presente nas ações sacramentais, por exemplo, na Eucaristia da Missa. Pois bem, Jesus também está presente onde se vive o amor recíproco. Ele disse: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (e isso é possível onde existe o amor recíproco), eu estou no meio deles» (Mt 18,20). Portanto, ele pode permanecer eficazmente presente na comunidade cuja vida se fundamenta no amor recíproco. E, através da comunidade, pode continuar a revelar-se ao mundo, a influir no mundo. Não é maravilhoso? Você não sente vontade de viver imediatamente este amor, juntamente com os cristãos que lhe estão próximos? João, em cujo Evangelho encontramos esta Palavra de Vida, vê no amor recíproco o mandamento por excelência da Igreja, que tem como vocação justamente ser comunidade, ser unidade. ‘Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei‘.
De fato, Jesus diz: ‘Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros‘ (cf. Jo 13,35). Portanto, se você quiser descobrir o verdadeiro sinal de autenticidade dos discípulos de Cristo, se quiser conhecer o distintivo dos cristãos, deve procurá-lo no testemunho do amor recíproco vivido. Os cristãos são reconhecidos por este sinal. E, se ele faltar, o mundo não mais reconhecerá, nos cristãos, os discípulos de Jesus. ‘Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei‘.
O amor recíproco gera a unidade. Mas o que é que a unidade realiza? Jesus também diz: «Que sejam um, (…) a fim de que o mundo creia que tu me enviaste» (Jo 17,21). A unidade, revelando a presença de Cristo, convence o mundo a segui-lo. O mundo, ao ver a unidade, o amor recíproco, acredita em Jesus. ‘Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei‘.
No mesmo discurso de despedida, Jesus diz que esse mandamento é ‘seu’. É seu e, portanto, tem para ele uma importância especial. Você não deve encará-lo simplesmente como uma norma, uma regra ou um mandamento como os outros. Com ele, Jesus quer lhe revelar um modo de viver, quer lhe indicar como orientar a sua existência. Os primeiros cristãos colocavam esse mandamento como basa da própria vida. Pedro dizia: ‘Antes de tudo, tende um constante amor uns para com os outros‘ (cf. 1Pd 4,8). Antes de trabalhar, antes de estudar, antes de ir à missa, antes de qualquer atividade, verifique se o amor recíproco reina entre você e quem vive com você. Se for assim, sobre essa base, tudo tem valor. Sem esse fundamento, nada agrada a Deus. ‘Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei‘.
Jesus lhe diz que esse mandamento é ‘novo’: ‘Eu vos dou um novo mandamento‘. O que quer dizer com isso? Que esse mandamento não era conhecido? Não. ‘Novo’ significa feito para os ‘tempos novos’. Então, do que se trata? Veja bem: Jesus morreu por nós. Portanto, amou-nos até a máxima medida. Mas que amor era o seu? Por certo não era como o nosso. O seu amor era e é um amor ‘divino’. Ele disse: «Assim como o Pai me amou, também eu vos amei» (Jo 15,9). Portanto, ele nos amou com o mesmo amor que existe entre Ele e o Pai. E é com esse mesmo amor que devemos nos amar reciprocamente para atuar o mandamento ‘novo’. No entanto, você, como ser humano, não possui um amor como esse. Mas alegre-se porque, como cristão, você o recebe. E quem é que lhe dá esse amor? O Espírito Santo, que o infunde no seu coração, no coração de todos os fiéis.
Existe, portanto, uma afinidade entre o Pai, o filho e nós, cristãos, devido ao amor divino que possuímos em comum. É esse amor que nos insere na Trindade. É esse amor de Deus que nos torna filhos seus. É por esse amor que céu e terra estão ligados, como que por uma grande corrente. É por esse amor que a comunidade cristã é conduzida até o âmbito de Deus e a realidade divina vive na terra, onde os fiéis se amam. Você não acha tudo isso divinamente belo? E a vida cristã não lhe parece extremamente fascinante?
Fonte: www.focolares.org.br