O mundo de hoje convive com duas síndromes ou epidemias, no mínimo, contraditórias: a primeira é a onda do virtual ou on-line: negócios, namoro, pesquisa, etc. Toda nossa vida passa ser regulada pela onda imaginária, não real. A segunda é uma espécie de epidemia da razão e da materialidade. Vale o que possui teor científico e prova material. O que importa são os resultados imediatos, os ganhos concretos. Esquece-se a sujetividade e o mistério da vida.
O que São Tomé tem a ver com esta onda do virtual e do racional-tencológico?
São Tomé, apóstolo de Jesus, ficou marcado pela descrença ou pela dúvida frente ao ‘virtual’ ou não experimentado: ‘Se eu não vir as marcas e não tocar, não acreditarei‘. É a exigência da prova material da fé. Porém, o mais importante neste relato bíblico, não é o cunho histórico, mas o sentido catequético que Mateus imprime, ou seja: a comunidade está cansada e desanimada frente à morte de Jesus. A Igreja vive uma certa frustração pela ‘ausência ou silêncio de Deus’. O Evangelista quer reanimar a comunidade que vive desanimada.
A síndrome de São Tomé é vivida por cada ser humano. A dúvida e a fraqueza da fé, quando assumidas e superadas, podem se transformar num fator de amadurecimento. O cristão vive em constante conflito de fé: quer sinais e resultados concretos. Não tem paciência e perseverança. Desanima diante das dificuldades da vida. Mas ao mesmo tempo, o cristão vive estas contradições como um processo de discernimento e maturação da fé.
A fé é um salto no escuro, sem saber ou vai dar, mesmo sem ver ou tocar. Mas, ao mesmo tempo, faz bem ao cristão viver o dilema de Tomé: a incerteza e a busca permanente do mistério, do transcedente.
Fonte: CNBB