Dom Renato Martino, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, fez um pronunciamento perante a Comissão sobre a Convenção Internacional contra as Técnicas de Clonagem Humana, declarando que a geração de uma criança fora de um ato pessoal de amor, exclui paternidade e maternidade. Os nascidos de um ato como a clonagem, começarão a vida privados de herança genética paterna e materna, e das relações com pais e parentes _ disse Dom Martino.
‘A Santa Sé, portanto, reafirma sua posição, pedindo a rejeição e proibição de qualquer prática ligada à clonagem de embriões humanos‘ _ reiterou o Arcebispo. A clonagem é ‘um modo de dominar outro ser humano, negando a dignidade humana ao bebê e tornando-o escravo da vontade de outros’.
Desta forma, ‘o bebê seria um objeto e um produto do capricho de alguém e não um ser humano único, igual em dignidade àqueles que o ‘criaram”. ‘As NN.UU. são chamadas a garantir que a dignidade humana e a eqüidade sejam protegidas não só em nível econômico, mas, antes de tudo, protegendo a dignidade humana e a vida na família.’
Dom Martino colocou em foco os interesses econômicos que estão por detrás dessa proposta, exprimindo repugnância ética pelo ‘uso de seres humanos, uso buscado por alguns círculos científicos e industriais e estimulados por interesses econômicos disfarçados’. A clonagem de embriões não é apenas imoral, mas deve ser declarada inútil como pesquisa científica, ‘já que as mesmas células-tronco podem ser obtidas mediante outros meios aceitáveis’.
O apelo em favor de uma normativa que vete a clonagem humana veio dos representantes da França e Alemanha, pouco depois da explosiva proposta que apareceu na Academia de Ciências dos Estados Unidos. Nela, alguns especialistas disseram querer inserir a clonagem humana nos processos de procriação assistida, ainda que a clonagem humana tenha encontrado reações negativas em todo o mundo, por parte de órgãos internacionais e cientistas, compreendendo os pioneiros da clonagem animal.
Dom Martino lembrou que, em 1997, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) adotou a ‘Declaração Universal do Genoma Humano e dos Diretos Humanos’, vetando a clonagem reprodutiva. No mesmo ano, a Santa Sé expressou sua posição, no texto ‘Reflexões sobre a clonagem’, escrito pela Pontifícia Academia para a Vida.