“Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo Crucificado e cala-te.” (São João da Cruz)
Certa vez, ouvi essa frase e fui impulsionada a ler nos acontecimentos da minha vida, no meu dia-a-dia, quantas vezes sou surpreendida por um aborrecimento, um desgosto, que acontece de forma natural, sem que eu o provoque; que são capazes de me tirar a paz e possuem a capacidade de me levar a dar uma resposta contrária à que Deus espera de mim.
Posso dizer que, ultimamente, essa frase tem me levado a um questionamento interior, de como estou, de como tenho reagido diante das situações. Assim sou levada a contemplar o mistério da Cruz e, nesse mistério, o silêncio do Crucificado… silêncio, submissão, total acolhimento à vontade de Deus.
Quantas vezes, no meio do nosso dia, no nosso trabalho, em nossa casa, nos percebemos tendo reações que não quereríamos ter, diante de situações que nos ocorrem e percebo que assim como São Paulo, podemos dizer: “Já não faço o bem que quero, mas o mal que não quero!”
O nosso desejo, muitas vezes, é dar uma resposta diferente, como nos ensina São João da Cruz: silenciar diante das adversidades; mas na maioria das vezes não conseguimos, nos pegamos fazendo tudo ao contrário, parece que, como São Paulo, também trazemos um espinho na carne e colocamos tudo a perder, ao passo que, se tivéssemos sido mais pacientes, menos impulsivos, silenciaríamos e passaríamos bem por aquela situação.
Quase nunca encontramos respostas em nós, para tais atitudes.
Estamos num processo de mudança interior, de sermos aquilo que Deus quer, aquilo que Deus sonhou para nós, num processo de atingirmos a maturidade do Homem Perfeito, que é Jesus Cristo, mas trazemos em nós os traços da nossa história, da mulher e do homem velho, contrários à criatura nova que está nascendo. Estes reflexos e atitudes não são dessa criatura nova, mas tomam dimensão dentro de nós, daí a importância de manter cativo o que é velho em nós e de darmos lugar ao novo.
Isso exigirá de nós uma postura de homens e mulheres orantes, porque isso só se dará pelo poder da oração. A oração tem força e poder para mudar todas as coisas, para mudar-nos!
É preciso que nos coloquemos na presença do Espírito Santo – Hóspede da nossa alma, como carinhosamente costumo chamá-lo – meu educador, educador da minha alma e, à medida que nos dispomos à ação transformadora do Espírito Santo, que nos abrimos a essa ação, esse processo vai se dando em nosso interior e vamos dia após dia sendo capazes de, como São João da Cruz, ter os olhos fixos no mistério da Cruz, no Mestre Crucificado, no Mestre Silencioso. E diante das adversidades silenciar também.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ensine a ter um coração capaz de mergulhar no mistério da Cruz e, independente da situação, silenciar, para assim a cada dia ganharmos o Céu.
Deus os abençoe!
Com orações,