Para se viver o PHN no namoro nos dias de hoje se exige, para todos os que buscam a santidade, muito esforço e luta constante, para não cairmos nas garras do pecado.
Para isso é preciso que tanto o namorado quanto a namorada estejam dispostos a viver este desafio, pois o PHN precisa começar antes mesmo do namoro existir, quando ainda são apenas amigos: não há namoro seguro sem ter antes construído uma amizade, pois no namoro é fundamental a tranparência, o diálogo, a partilha… Enfim, coisas que conquistamos durante o período da amizade, e é claro, amigos em Deus e com Deus.
É natural que sintamos atração até mesmo por um amigo ou uma amiga, pois a atração não surge pelo fato de ser amigo ou amiga e sim pelo fato de Deus ter colocado a atração saudável entre o homem e a mulher, e que por estes estarem mais íntimos neste relacionamento, este sentimento tende a se aflorar; mas sabemos que não nos podemos deixar levar pelos sentimentos, pois eles são passageiros e nos enganam, e isso acontece principalmente se Deus ainda precisa trabalhar em nossa afetividade, curar nossas carências, pois muitos de nós, infelizmente, buscam no namoro o carinho, a atenção e a compreensão que não recebemos em casa. E isso eu digo por experiência própria, pois já tive um namoro assim, começado errado, baseado apenas em sentimentos, e sem ter feito uma profunda análise de minha vida, de como eu estava vivendo aquele momento, se realmente era o tempo de eu iniciar um relacionamento, assim como há muito tempo a Palavra de Deus nos ensina que, antes de tomarmos uma decisão, é preciso que antes analizemos profundamente todas as situações, para ver se vamos conseguir realizar a obra, para que depois não a deixemos pela metade, e todos zombem de nós. Pois também é preciso que além de estarmos unidos em Deus e em uma profunda e sincera amizade com Ele, é preciso que, como fruto desta união com Deus, saibamos escutá-lo e ver qual é a Sua vontade para cada um dos dois.
E por eu não ter analisado profundamente o que eu estava vivendo naquele momento, que era um momento de solidão e de carência, e por me deixar levar por esses sentimentos, começei o namoro, e ele durou apenas 3 meses. Pois ao invés de receber aquilo que eu esperava receber, me preenchi com mais vazios ainda, e não dá para preencher vazio com vazio, mesmo porque carência não se preenche, e sim se cura na presença do Santíssimo Sacramento.
Depois, consolidados firmemente em uma amizade em Deus e percebidos que o sentimento que um sente pelo outro vai além de uma amizade, aí então o namoro se inicia, claro com a bênção dos pais do casal.
No namoro pude perceber também que a partilha e a transparência são fundamentais, pois quando se coloca às claras o que sentimos um pelo outro naquele dia, naquele momento, naquela determinada situação, fechamos todas as portas para que o inimigo não venha nos tentar com as coisas que guardamos no coração. E devemo-nos comportar como irmãos – pois é o que somos – e como devemos agir segundo a Palavra de Deus que nos ensina tudo que estou citando, como a bênção dos pais e sobre o fato de sermos irmãos neste tempo de namoro:
‘Raguel lhe respondeu: já o faço! Ela te é entregue segundo a sentença do livro de Moisés, pois é o céu que decide que ela seja tua esposa. Leva a tua irmã: de ora em diante, tu és seu irmão e ela é tua irmã. (Tb 7,11).
No caso desta passagem a Bíblia coloca a palavra ‘esposa’, mas podemos tranqüilamente nos situar em nosso contexto de namoro, já que a Palavra de Deus não passa, assim como poderíamos colocar aqui o contexto do casamento, pois o que Deus realmente quer nos dizer, é que quando Ele nos dá alguém para viver um determinado relacionamento, esse relacionamento deve ser como de irmãos. É claro que o casamento possui intimidades que não temos com nossos irmãos, mas Deus, na sua infinita sabedoria, abençoou este relacionamento e o instituiu como Sacramento. Por isso que o casamento não deixa de estar na graça de Deus. E porque somos primeiramente dados por Deus para vivermos como irmãos, o namoro, a partir desta verdade de Deus, fluirá normalmente com todas as dificuldades normais que um namoro possui, como as provações e tentações, sendo que eu nunca perca este objetivo, de que eu não posso fazer com minha namorada ou com meu namorado, o que eu não faço com minha irmã ou meu irmão. Assim o PHN fica mais fácil de ser vivido!
Como o PHN é uma decisão, uma opção pela santidade, é fundamental que sejemos sinceros com nós mesmos, e quando percebermos que algo ou alguma coisa no relacionamento nos leva a pecar, precisamos cortar pela raíz para não dar brecha ao inimigo.
Isso foi uma coisa que eu aprendi na luta pela santidade, e pricipalmente no namoro: se quando eu vou em determinado lugar, ou se eu faço determinada coisa, e essas ou uma dessas coisas me levam a pecar, eu devo deixar de ir a este determinado lugar e/ou deixar de fazer esta determinada coisa, pois é muito difícil lutar contra o pecado, e é muito mais fácil lutar e eliminar as ocasiões que me levam a ele.
Um exemplo bem claro que posso dizer é o seguinte: Se eu vou à um baile dançar com minha namorada, mas todas as vezes que eu vou naquele baile dançar, eu acabo bebendo, e por isso meus afetos com ela acabam sendo mais íntimos, e no final a gente acaba tendo uma relação sexual, eu devo deixar de ir aquele baile, e não tentar ir lá e ver se eu vou agüentar firme todas situações daquele ambiente que me leva a pecar, já que o fato de ir no baile para dançar uma boa música não é pecado, mas se estou indo em um lugar onde a partir das músicas tudo me leva a pecar, eu devo deixar de ir.
E isso é fácil? Não! Nos momentos difíceis, São Franciso teve que se jogar nos espinhos e rolar na neve. Às vezes, no nosso caso, basta apenas não namorar dentro do carro ou naquele determinado lugar escuro. E quando os dois buscam um namoro santo, essas decisões se tornam mais fáceis de serem tomadas, e a coisa acontece muito rápido. Também, a partir do momento em que nós desmascaramos o inimigo de Deus que fica na nossa cabeça dizendo ‘não diga isso que ela(e) pois ele vai te achar cafona, brega, bicha, você vai passar vergonha’…
Você já entendeu tudo, não é? Por isso que a transparência é fundamental e o objetivo que os dois buscam nunca deve ser perdido: que é a ‘santidade’. A partir do momento em que o namoro se centraliza apenas nos dois, e não em Deus, nos irmãos de comunidade e nos amigos que podem nos ajudar e nos dar bons conselhos, ele tende a se tornar mais difícil e complicado, pois ao invés de caminharem juntos, ambos olhando para o Senhor que vai à frente daquele relacionamento, resolveram apenas se olharem.
O namoro é algo sério, pois Deus nos confia a responsabilidade de ambos levarmos um ao outro ao céu, pois se no namoro eu não estou levando minha namorada(o) ao céu, é preiso que eu reveja meu namoro e analisar o que está de errado nele, pois os dois precisam crescer em respeito um para com o outro e com Deus, o autor desta união. Eu encaro o namoro como sendo algo muito sério, já que ele é uma base preparatória para o casamento. Já que não é certo namorar por namorar, é preciso que eu tenha em mente o por que de eu começar um namoro, pois se o objetivo deste namoro não for começar um caminho que me leve ao santo matrimônio, é melhor que eu nem comece a namorar, pois não somos objetos um dos outros para usarmos e deixarmos de lado quando enjoarmos dele; Deus nos criou com amor, para o amor, e pelo amor, e o que sai fora disto provém do maligno.
Por isso, quando lí o livro do Prof. Felipe Aquino que fala sobre o namoro, eu gostei muito quando ele disse que o casamento é um namoro que deu certo, pois depois que eu li esta frase, meu conceito sobre o namoro mudou totalmente, e eu pude compreender a responsabilidade que possui um namoro, já que ele é uma base que começo a construir hoje, e termino de construir depois do casamento. E a maior prova disto é que pessoas que não tinham um bom namoro, e que resolveram se casar, passados poucos dias se separaram, pois pensavam que quando se casassem, tudo iria mudar, e mudou, só que para pior, pois não entenderam que em uma obra não se pode passar para uma etapa mais avançada se não tiver concluído as etapas anteriores, principalmente quando se trata do alicerece da obra: o namoro.