Especialistas em Toronto calcularam que, no último dia da última Jornada Mundial da Juventude estavam lá cerca de 150 mil adultos e 650 mil jovens. Imagino que estejam certos. O que vi foi cerca de 10 jovens para cada adulto que passava. Era um movimento contínuo de ir e vir. Um repórter que filmava comigo apontou para este fato: – É uma multidão sorridente que se move o tempo todo. Era como um rio caudaloso que passasse rindo.
Movimento e vida, era a primeira visão que se tinha daqueles jovens junto ao Papa, em Toronto. Pareciam um rio ziguezagueando pela cidade. Danças, risos, olhares amigos; oi, olá, howdi, hah, ullala, okaley… Eram o oposto de Babel porque, ao invés de se separarem, procuravam-se, um tentando aprender a língua do outro. Muitas guitarras, pandeiros, flautas e tambores, instrumentos, canções belíssimas, troca de blusas, lembranças, mapas e bandeiras. Aproximavam-se. Estavam disponíveis. Meu amigo repórter espanhol e eu fizemos a experiência, para ver quantos respondiam aos nossos ‘ola, hey, ciao, hello’. Em 50, 48 responderam. Pareciam esperar o gesto. Muitos puxavam conversa em sua língua. Mas acabavam aprendendo alguma palavra do outro. Foram lá para ver mais de perto o velho Papa, mas foram, especialmente, para estar com seus companheiros de viagem e encontrar-se com gente nova.
Toronto, em língua autóctone quer dizer ‘Lugar de Encontro’. Pois foi isso o que aconteceu. Pelo conteúdo das pregações do Papa e dos bispos e padres, pela acolhida fraterna dos voluntários, pelas outras igrejas e religiões orientais que acolheram os católicos em suas comunidades, mostrando elevado grau de respeito e de ecumenismo, pelos casais que por oito a dez dias foram chamados de pais e tiveram três a quatro novos filhos, pelos padres e irmãs e bispos que acompanharam seus jovens, pelos políticos que abriram as portas da cidade aos mais novos, pela beleza e limpeza da cidade, mas, sobretudo, pelo riso no rosto dessa gente nova, que acredita que o mundo pode ser melhor por causa deles, valeu!
Algum pessimista disse que o resultado é pequeno demais para tanto esforço. Quem foi e viu pensa diferente! O sorriso desses 650 mil jovens custou bem menos do que a raiva daqueles jovens terroristas do fatídico 11 de setembro de 2001. O riso dos jovens não tem preço!