Padre Zezinho escreve aos amigos

Amigos meus,

Acho que nunca me dei bem com o calendário. Preciso de mais de 48 horas por dia e de mais de 60 dias por mês para dar conta de todos os projetos. Estou de novo sem tempo, porque já embarco para o Mato Grosso, onde farei uma turnê em favor das vocações da Congregação à qual pertenço, e outra turnê pelo nordeste até o fim do mês. O jeito é uma carta geral para dizer que sua carta chegou, mas ainda não tenho como atender a todos pessoalmente. Não, para quem tem 11 atividades, como eu tenho!

Acabo de voltar do Canadá, onde fui ver o Papa e os quase 800 mil jovens e adultos que para lá se deslocaram. Podem imaginar o que é um evento desses. Falo um pouco dele neste meu site. As fotos serão colocadas aos poucos. Experiências como esta enriquecem a alma. E quem vai e tem a chance de ver o que vimos precisa partilhar com quem não foi, mas quer saber. Tive a nítida impressão de que João Paulo II, o incansável, o mártir que serve a Deus com coragem impressionante, testemunho vivo de fé e de confiança no futuro está se despedindo.

Não sei porque, ao ouvir o Papa a dizer: ‘Estou velho!’, lembrei-me de Paulo na 2 Tm 4,7: ‘Combati o bom combate’… E também de 2 Co 9,8, ao vê-lo transbordando e dando mais do que seu corpo pode dar. Seu trabalho é o de quem se oferta e se imola com Cristo pelo seu tempo. Nada o detém. Nem a fome, nem a dor, nem a tribulação, nem o mal de Parkinson, nem a espinha curvada, nem o peso dos anos, nem os tiros de Ali Agka, nem as ameaças, nem os pecados de membros da Igreja, nem as viagens, nem o cuidado diário de todas as igrejas, nem artrite alguma o impediram e impedem de anunciar Jesus (Rm 8, 31-38).

Foi bonito ver sua atuação de venerando ancião junto aos jovens. Ele passa uma carga imensa de humanidade. Parece frágil, mas é um ser humano muito forte. Sente-se a força de Deus agindo nele. Vive da graça. Seu corpo parecia dizer: – É Jesus que vive em mim.

Este mês de agosto é mês das vocações no Brasil. A Igreja, e nós nela, estamos orando para que aumente o número de jovens dedicados à causa do Reino de Deus. Graças a Deus, ele tem aumentado. Solteiros e casados, consagrados no ministério sacerdotal, na vida religiosa e no laicato, moças e rapazes de coração generoso fazem enorme diferença num país como o nosso, onde os direitos humanos ainda não chegam a milhões de compatriotas. Muitos nem sabem que possuem algum direito.

Precisam saber da existência de um Pai que nos criou com direitos. Deus não fabrica nem tijolo, nem lixo. Faz pessoas que, às vezes, acabam sendo tratadas como tijolo ou lixo, ou se comportam como tais. Mas não é esse o projeto do Criador. Fomos feitos para ser felizes e fazer os outros felizes. Que o mês de agosto nos encontre lutando pelos direitos dos outros, se já recebemos e conquistamos os nossos! Ele já nos chamou. Agora é a nossa vez de responder.