À tarde desse mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: A Paz esteja convosco! Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Ele lhes disse de novo: A Paz esteja convosco! (Jo 19-23).
Nesse tempo de Páscoa, enquanto ainda trocamos mensagens, impressionam-nos estas palavras de Jesus. Ele passou pela morte mais violenta: foi preso, julgado, cuspido, ofendido, flagelado, conduzido ao alto do Monte Calvário e crucificado. Após três horas de lenta e atroz agonia, durante a qual pediu ao Pai que perdoasse aos que o tinham crucificado,entregou sua mãe a João, prometeu o paraíso ao bom ladrão, num grande grito entregou seu espírito ao Pai. Pois bem, depois de tudo isto, eis que Ele volta vivo do sepulcro e reúne seus apóstolos assustados e lhes dirige uma saudação de paz. Ele havia dado sua vida por amor.
Esquece os sofrimentos: já são coisas do passado! O que vale é o amor! E como o ódio ainda persiste no mundo, no coração dos homens, Ele lhes dirige a saudação de paz. É o seu desejo do ressuscitado da morte, o desejo de quem sofreu por amor, de quem quer colocar os homens num diálogo de fraternidade e de solidariedade. Este seu anseio hoje encontra enormes dificuldades. A falta de diálogo, de fraternidade e solidariedade, o terrorismo e a guerra abrem no coração das pessoas de hoje o medo da violência generalizada. Porta-voz da luta para a superação desta situação é o Papa João Paulo II que, nesta Páscoa, lançou um grito de esperança em Cristo, dirigido a todo o mundo, especialmente à Terra Santa, onde parece que haja declarado guerra à paz!
E o Papa continua: A guerra não resolve nada; ninguém pode ficar calado e inerte; nenhum responsável político ou religioso. A paz, segundo o mundo, é com freqüência um precário equilíbrio de forças, que mais cedo ou mais tarde voltam a lutar. Somente a paz, dom de Cristo ressuscitado, é profunda e completa, e pode reconciliar o homem com Deus, consigo mesmo e com a criação.
Por isso, o Papa convocou a todos os crentes do mundo para unir seus esforços para construir uma humanidade mais justa e fraterna, e que suas convicções religiosas nunca sejam causa de divisão e de ódio, mas somente e sempre sejam fonte de fraternidade, de concórdia e de amor. Pediu aos cristãos dar testemunho de que Jesus ressuscitou verdadeiramente trabalhando para que sua paz freie a dramática espiral de violência e morte, que mancha de sangue a Terra Santa, afogada no horror e no desespero: Parece que se tenha declarado guerra à paz!, declarou.