A Festa de Corpus Christi não tem, como a festa da Páscoa, da Ascensão, de Pentecostes e do Natal, como base um acontecimento histórico da vida de Jesus: celebramos nela uma verdade de nossa fé e não um acontecimento histórico da salvação. Na Festa de Corpus Christi celebramos Jesus Eucarístico, o pão vivo que veio do céu. Jesus instituiu a Eucaristia na noite anterior à sua morte, quando transformou o pão e o vinho em seu corpo e sangue, e ordenou aos seus apóstolos que fizessem o mesmo em sua memória: Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomem e comam, isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu a eles dizendo: Bebam todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos para a remissão dos pecados (Mt 26, 26-28).
Jesus quis literalmente transformar o pão e o vinho em seu corpo e sangue, em vez de nos deixar apenas um símbolo da sua paixão. Isto está bem claro na antecipação que fez de sua entrega, relatada no Evangelho de João, quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum: E Jesus continuou: Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida. As autoridades dos judeus começaram a discutir entre si: Como pode este homem dar-nos a sua carne para comer? Jesus respondeu: Em verdade vos digo: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele. E como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim, aquele que me receber como alimento viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os pais de vocês comeram e depois morreram. Quem come deste pão viverá para sempre (Jo 6, 51-58).
Os apóstolos entenderam perfeitamente o que Cristo disse: ‘Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo?’ (1Cor 10,16).
Fonte: Revista Cristo Rei